O Trem Republicano, rota ferroviária que tem previsão de ser inaugurada em dezembro, ganhou novo capítulo em sua história nesta segunda-feira (9), com a chegada de uma locomotiva e de um carro de passageiros que serão utilizados entre Itu e Salto, no interior de São Paulo.
A operação do trem, um imbróglio que se arrastava havia 15 anos, será feita por meio de uma parceria entre a Serra Verde Express, que já opera a maior rota turística do país, entre Curitiba e Morretes, na serra do mar paranaense, e a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
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Uma locomotiva a diesel da associação, que estava em Campinas, foi levada para Itu, assim como um carro de passageiros da empresa que deixou a capital do Paraná para fazer parte da composição, que no total terá outros dois carros.
A previsão é que o trem inicie as operações em 20 de dezembro. Máquinas para isso ele tem, já que a locomotiva é uma das que eram usadas em todos os finais de semana pela ABPF no trecho Campinas-Jaguariúna e o carro de passageiros também fazia a rota até Morretes.
Além da locomotiva a diesel que já está em Itu, outra será levada para a cidade, também da associação, para que trabalhe em revezamento na operação, segundo Helio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.
O contrato assinado tem validade por dois anos e pode ser renovado. Se por algum motivo não for, a locomotiva retornará a Campinas.
A ABPF optou por fazer parcerias com outras operadoras e prefeituras, como a reforma da locomotiva de Ribeirão Preto, para obter recursos para continuar reformando e salvando materiais neste ano muito sofrido com a pandemia e sete meses sem operação, afirmou o diretor.
A Serra Verde vai operar o sistema após vencer concorrência aberta pelo consórcio intermunicipal entre Salto e Itu, que tem validade de 15 anos. O contrato foi assinado em setembro, em Salto.
A previsão é que o trem, após o período inicial, tenha circulação diária, com duas viagens em dias úteis e ao menos três aos finais de semana. A rota entre os dois municípios tem 7,6 quilômetros em cada trecho, percorrido em 45 minutos de viagem.
Serão transportados, quando as restrições devido à pandemia do novo coronavírus deixarem de ser aplicadas, até 136 passageiros por viagem, em três carros: um boutique, um turístico e um econômico.
No início, a capacidade será limitada a 50%, ou 68 passageiros.
A ideia do Trem Republicano surgiu em 2005, a partir de um seminário ocorrido no Rio de Janeiro, e dois anos depois foi conquistada a primeira vitória, quando a rodovia Engenheiro Herculano Godoy Passos foi construída deixando uma passagem sob ela para o trem. Sem ela, dificilmente o projeto teria avançado.
O consórcio foi criado oficialmente em 2008, quando as prefeituras conseguiram verba de R$ 4 milhões do Ministério do Turismo para a execução. Em 2010, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) concedeu os trilhos para a execução da ferrovia, ligando as estações ferroviárias das duas cidades.
Uma empresa chegou a construir dois quilômetros de trilhos, mas as obras pararam em 2012 devido ao atraso no repasse da verba federal e a contratada desistiu do projeto.
Em 2014, uma nova licitação foi feita para contratar outra empresa e, no mesmo ano, começaram as reformas das estações.
Uma nova paralisação ocorreu em 2016, com a falta de novos repasses financeiros, e a construção foi retomada em 2018.
Outro problema era obter uma locomotiva para comandar a composição. O consórcio conseguiu, em 2017, liberação do Dnit de uma que estava abandonada ao lado da estação ferroviária de Ribeirão Preto e foi buscá-la.
A maria-fumaça, que já tinha sido colocada numa carreta para deixar a cidade, porém, permaneceu em Ribeirão após uma decisão da Justiça.
Por fim, surgiu a opção de publicar a concorrência para a concessão da ferrovia, que no próximo mês deve virar realidade. Ela se somará a outras rotas já operadas no interior, como a de Campinas a Jaguariúna e o Trem de Guararema.
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