CCR prevê novas perdas com agravamento da pandemia

Trecho da rodovia Anhanguera, administrada pela CCR Autoban; tráfego nas estradas vinha mostrando retomada — Foto: Davilym Dourado/Valor

Valor Econômico – O grupo CCR, que administra rodovias, aeroportos e metrôs, já prevê um novo ciclo de perdas, diante do descontrole da pandemia no país. O tráfego nas concessões da empresa vinha se recuperando ao longo de 2020.

Agora, porém, a retomada deverá ser interrompida, diante da necessidade de novas medidas de isolamento social.

“Se não fosse pela nova onda da pandemia, já teríamos um crescimento efetivo no primeiro trimestre deste ano. Hoje, já não é mais possível prever. Não temos uma projeção de quão severo será o impacto, mas a tendência é que não seja tão forte quanto foi no início da pandemia”, afirma Marcus Vinicius Macedo, gestor da área de relações com investidores do grupo.

No quarto trimestre de 2020, o tráfego consolidado da CCR já apresentou aumento de 4,6% na comparação anual. Se considerada a mesma base (sem a ViaSul, que passou a cobrar pedágios em fevereiro de 2020), o resultado seria de estabilidade. No acumulado de todo 2020, o tráfego teve queda anual de 2,6% – taxa considerada razoável diante das fortes perdas registradas no auge da crise. No segundo trimestre do ano passado, o índice chegou a cair 18,2%.

Essa retomada vinha sendo impulsionada principalmente pelo tráfego nas rodovias. Os aeroportos e metrôs do grupo continuam com uma retração significativa, de 55% e 45%, respectivamente.

Apesar das dificuldades, o grupo mantém sua disposição de participar de novos leilões de infraestrutura, que serão muitos neste ano, diz Macedo. Entre os alvos, estão as Linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), cuja licitação teria ocorrido nesta semana, mas foi suspensa por liminar.

A empresa também estuda participar de leilões de aeroportos (marcado para o início de abril) e de rodovias federais, como a BR-153 (previsto para o fim de abril), a BR-163, e, principalmente, a Dutra.

Macedo afirma que a companhia tem fôlego financeiro para participar das concorrências. A CCR chegou ao fim de 2020 com uma alavancagem financeira de 2,9 vezes da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado. No ano anterior, a taxa era de 2,4 vezes.

“É um nível razoável para o atual momento, em que o Ebitda está impactado pela pandemia. No caso desses leilões, há um prazo até que os desembolsos tenham que ser feitos, e até lá o Ebitda deverá estar normalizado. Temos espaço para fazer investimentos”, afirma ele.

No quarto trimestre de 2020, o Ebitda ajustado da companhia registrou queda de 29,1%, chegando a R$ 1,06 bilhão.

Nesse período, a companhia também teve prejuízo de R$ 74,8 milhões, revertendo o lucro de R$ 392,6 milhões que havia sido registrado no mesmo período do ano anterior.

O resultado negativo é fruto dos impactos da pandemia, mas também de uma provisão de R$ 305,9 milhões, feita para cobrir eventuais desembolsos durante o processo de devolução amigável da concessionária MSVia (que administra a BR-163 no Mato Grosso do Sul). O aditivo para a devolução está perto de ser assinado – ainda falta um decreto do presidente,segundo ele.

Pelo acordo, a CCR deverá devolver o ativo para que o governo federal faça uma relicitação. O processo prevê o pagamento de indenização pelos bens reversíveis e não amortizados, mas outros valores entrarão na conta, como multas aplicadas ao longo da concessão, desequilíbrios contratuais, entre outros.

Se desconsiderado o impacto da provisão, que não é recorrente e não tem efeito no caixa, e utilizada a mesma base de comparação (sem ViaSul), a companhia teria registrado lucro líquido de R$ 176,1 milhões no trimestre.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/05/ccr-preve-novas-perdas-com-agravamento-da-pandemia.ghtml

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