Valor Econômico – A CCR tem um grande potencial de expansão para outros países das Américas e de se tornar uma verdadeira “corporation” (ou seja, uma empresa sem controle definido), afirmaram interlocutores que acompanham de perto as negociações entre IG4 Capital e Andrade Guitierrez, para a venda de uma participação na empresa de infraestrutura.
A gestora fez uma oferta vinculante de R$ 4,634 bilhões pela fatia de 14,86% da Andrade Gutierrez na CCR.
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As conversas para a aquisição se intensificaram nos dois últimos meses, diz uma fonte. Porém, a relação entre os dois grupos não é recente. No ano passado, a IG4 concluiu a aquisição da concessão do Hospital Metropolitano de Belo Horizonte, que era controlado pela Andrade — esta operação foi firmada em 2018, mas foi concluída em março de 2020. Portanto, a gestora conhece a situação da empreiteira desde então.
O acordo entre os grupos para a operação da CCR foi anunciado hoje, em comunicado ao mercado. Os recursos da aquisição deverão partir de fundos administrados pela IG4, que incluem grandes investidores, principalmente europeus e dos Estados Unidos – rumores de mercado indicavam a participação do CPP (Canada Pension Plan) na oferta, porém, a reportagem apurou que o fundo de pensão canadense não entrou como parceiro na operação.
A compra ainda dependerá da manifestação dos outros sócios do bloco de controle da CCR, o grupo Mover (Camargo Correa) e Soares Penido – cada um deles com cerca de 15% de participação. Os dois sócios estão alinhados e deverão avaliar juntos a posição. Os grupos já deixaram clara a intenção de permanecer o capital. Agora, a dúvida é se irão exercer o direito de preferência de adquirir a fatia da Andrade. O prazo é de 30 dias para a decisão.
Além disso, a aquisição terá que passar pela aprovação de agências reguladoras que trabalham junto a concessões da CCR, como a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, principalmente, pelos credores da Andrade Gutierrez.
Outro interlocutor relembra que um dos grandes credores da Andrade é o banco Bradesco, que também tem um histórico com a IG4, já que a gestora adquiriu, no passado, a participação da instituição na Iguá Saneamento (antiga CAB Ambiental, da Galvão).
A companhia, fundada por Paulo Mattos em 2016, já tem importantes investimentos em infraestrutura no Brasil e na América do Sul. Uma das principais plataformas da empresa é a Iguá Saneamento, que na semana passada venceu a disputa por um dos blocos no leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Além da Iguá e da Opy Health (braço de hospitais da gestora, que adquiriu a concessão da Andrade), a gestora também comprou, no ano passado, um dos principais grupos de infraestrutura do Peru, a Graña y Montero. Em abril deste ano, a IG4 também fez uma oferta de US$ 916 milhões pela Sociedad Quimica y Minera do Chile ( SQM), produtora de lítio e e potássio.
Procurada, a IG4 preferiu não se pronunciar além do que já foi informado no fato relevante da CCR.
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