Valor Econômico – A concessão do trecho da rodovia BR-163 entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) deverá elevar o preço do frete rodoviário para transporte de grãos pelo Arco Norte entre 7% e 7,5%, de acordo com estudo de Thiago Péra, coordenador do Grupo de Extensão em Logística da Escola Superior e Agricultura “Luiz de Queiróz” (EsalqLog/USP). Segundo o trabalho, os três pedágios previstos na concessão representarão entre 6,6% e 6,9% do valor cobrado pelo fretamento, ante 0,6% atualmente. Mas, apesar disso, o trajeto continuará mais competitivo para algumas regiões de Mato Grosso que a saída dos grãos pelos portos do Sudeste.
O estudo leva em conta o valor médio do transporte de grãos no primeiro semestre deste ano entre Lucas do Rio Verde (MT) e o porto fluvial de Itaituba (PA), calculado em R$ 213,45 por tonelada, e entre Sorriso (MT) e Itaituba (R$ 201,44).
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O custo estimado do pedágio foi de R$ 15, em média, para as três praças: P1 (Itaúba/MT), P2 (Guarantã do Norte/MT) e P3 (Trairão/PA), levando em consideração o deságio de tarifa da nova concessão, de 8,09%.
Apesar do aumento dos custos, Péra ressalta que esse é um estudo simplista de ordem de grandeza e que, portanto, não leva em consideração sazonalidade e volatilidade de preços. “Também temos que pensar que as melhorias na estrada, previstas no contrato de concessão, devem reduzir os custos para o caminhoneiro e até tornarem a rota mais rápida. Assim, um novo preço de equilíbrio para o frete pode ser criado”.
O estudo também mostra que as rotas do norte de Mato Grosso ao Arco Norte, mesmo com o aumento do pedágio, continuarão mais baratas que a alternativa para o Sudeste. “Em termos absolutos (reais por tonelada), os novos custos de pedágio das rotas de Lucas do Rio Verde e Sorriso para Itaituba são por volta de 57% menores do que para o porto de Santos, a partir das mesmas origens”, afirma Péra. Em termos relativos, os custos de pedágio com a nova concessão são entre 12% a 15% menores.
Para faixas de distâncias equivalentes (950 e 1.150 quilômetros), o custo do pedágio na rota Sorriso – Itaituba, considerando os valores da nova concessão, está relativamente abaixo de outros corredores, como entre Anápolis e Rio Verde, em Goiás, para Santos, e um pouco acima do custo de Dourados (MS) para Paranaguá, acrescenta Péra.
Por outro lado, o pesquisador lembra que Itaituba é um terminal de transbordo, e não o destino final da carga, e que para o carregador ver a rota mais vantajosa tem que levar em consideração todas as alternativas. Novamente em uma situação hipotética, com os preços praticados no primeiro semestre, a rota Sorriso – Santos apenas por transporte terrestre custaria R$ 321 por tonelada; ao sair do mesmo destino para o terminal ferroviário de Rondonópolis e de lá para Santos, o valor cairia para R$ 282. Já saindo hoje de Sorriso e passando por Itaituba para ir ao porto de Barcarena, sem a concessão, o valor seria de R$ 281 por tonelada.
“A vantagem competitiva é de 12,4% em relação ao corredor rodoviário por Santos e de 0,4% ante o corredor multimodal ferroviário Sorriso-Rondonópolis-Santos”, diz.
A mesma rota, com o pedágio, sairia por R$ 296 a tonelada. “Nesse caso, a vantagem em comparação com o corredor rodoviário cai para 7,8% e tem uma pequena desvantagem em relação ao corredor multimodal ferroviário na ordem de 5,3%”, mostra o pesquisador.
Por fim, o estudo da EsalgLog aponta que, dentre vários corredores para transporte de grãos, a rota do Paraná, entre Cambé e Paranaguá, é a que apresentou maior participação do pedágio no preço do frete no primeiro trimestre, na ordem de 14,1% para um valor médio de R$ 109,07 a tonelada. Em seguida está o trecho entre Anápolís (GO) e Santos, com valor médio de R$ 206,73 por tonelada e custo do pedágio de R$ 13,5%. O terceiro lugar ficou com Rio Verde (GO) a Santos, com preço médio de R$ 200,42 a tonelada e participação do pedágio de 13,1%.
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