O Globo – Em 2017, o estudante Leonardo Christofoletti, de 21 anos, teve uma ideia inusitada: resolveu visitar todas as estações de metrô e trem de São Paulo. Nos primeiros três meses, o jovem esteve em 90% das 91 paradas de transporte subterrâneo e as 56 da CPTM. No dia 21 do mês passado, Leonardo publicou todos os registros em um álbum no Facebook. O intuito era só impressionar a namorada, mostrando que ele esteve em toda a malha ferroviária da cidade – mas o sucesso da empreitada fugiu ao controle.
– Ela mora em Santo André e eu queria provar que já estive na estação que ela utiliza para chegar ao centro da capital. Postei no facebook por isso. O que eu não sabia é que outras pessoas também gostariam de ver – diz surpreso.
Estudante de Midiologia, habilitação do curso de Comunicação Social da Unicamp, Leonardo estava no terceiro ano do ensino médio quando iniciou o projeto. Sem dinheiro e com vontade de conhecer novos lugares, ele pensou em uma alternativa barata e prática.
– Sempre quis fazer um mochilão, não tinha dinheiro. Pensei em uma forma de conhecer muitas realidades e ter condições depois de voltar para casa sem muita dificuldade. No início nem tinha a intenção de fotografar, mas comecei a me perguntar como iria provar para as pessoas que realmente estive em todas as estações – relata o estudante.
Leonardo conta que o projeto começou nas linhas de metrô e partiu para o trem aos poucos. Quando ele completou todo o percurso, quis um pouco mais e passou a frequentar… inaugurações. Ao passar dos anos, passou a fazer vídeos e a compartilhá-los em um canal no YouTube, ProjetoBRA, no qual fala sobre mobilidade. O projeto também se transformou em um podcast, em que ele comenta cada novidade do transporte de São Paulo.
De acordo com ele, a ideia inicial se expandiu ao conhecer os pontos mais distantes do Centro. Morador da Freguesia do Ó, na Zona Norte, conta que ele mesmo demora quase duas horas no trajeto.
– Pude ver um contraste muito grande. Quanto mais periférico, menos estrutura e segurança. Foi um grande aprendizado social. Nas estações de trem interioranas, quando saía para tirar foto, muitas vezes ficava vinte minutos esperando o próximo. O transporte é precário em muitas localidades – explica.
Quando questionado se pretende continuar o projeto, Leonardo não hesita. A ideia é continuar atualizando as fotos conforme surgirem novas estações. Virou, digamos assim, um hobby.
– Acredito que nunca vou deixar de ter esse interesse. Quanto mais estações surgirem, melhor será o transporte de São Paulo, será um prazer continuar.
Queria vê-lo fazer isso em Moscou, Paris, São Petersburgo!