Valor Econômico – O Brasil tem estoques de fertilizantes para os próximos três meses, informou nesta quinta-feira a Anda, associação que reúne as indústrias do segmento. Ontem, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou, em conversa com jornalistas, que os estoques de passagem do insumo seriam suficientes até outubro.
“A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado. Destaca-se que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores”, disse a Anda, em nota.
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A entidade lembra que os países do Leste Europeu representam cerca de 25%, ou 9 milhões de toneladas, do volume total de adubos que o Brasil importa anualmente. A Rússia, em guerra com a Ucrânia, é um dos maiores fornecedores do mundo de nitrogenados, potássicos e fosfatados.
Ademais, as indústrias informam que seguem “atentas” sobretudo ao fornecimento de cloreto de potássio, já que não só a Rússia, mas também sua aliada Belarus, sofrem sanções. “A atenção se justifica, dado que 3 milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia”, continua a nota da Anda.
Sanções a Belarus
Vale ressaltar, porém, que as sanções impostas especificamente a Belarus — e que comprometeram o fornecimento de 2 milhões de toneladas de potássio originadas naquele país ao Brasil — foram impostas por EUA e União Europeia antes do início da guerra na Ucrânia.
A publicação dos embargos foi no ano passado. A produtora belarussa (Belaruskali) está sancionada pelos EUA desde dezembro e, em consequência dos efeitos das sanções, a Belarusian Potash Company (BPC) declarou força maior em fevereiro deste ano. A companhia admitiu não conseguir cumprir contratos por problemas logísticos. Além disso, os importadores não conseguem efetuar pagamentos.
A Anda se refere aos fertilizantes nitrogenados como “mais um ponto de atenção” – em especial o nitrato de amônio, porque o Brasil importa “volume expressivo” da Rússia. As importações chegam a quase 100% das necessidades do país, segundo dados de consultores.
“Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual”, continua o documento.
Embora já existam restrições bancárias, que geram insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, a indústria afirma que as transações entre empresas privadas estão sendo feitas.
Sobre problemas com a logística marítima, “o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando”. Devido ao conflito no Mar Negro, há restrições que inibem o fluxo de navios à região.
Em meio às incertezas, novas vendas das indústrias a seus clientes – revendas e grandes produtores – estão paralisadas nos últimos dias, como já informou o Valor.
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