Horizonte Minerals inicia projeto de níquel de US$ 633 milhões no Pará

Projeto Araguaia, de niquel, da Horizonte Minerals, no Pará — Foto: Reprodução
Projeto Araguaia, de niquel, da Horizonte Minerals, no Pará — Foto: Reprodução

Valor Econômico – A Horizonte Minerals Plc, empresa de desenvolvimento de níquel focada no Brasil, com sede em Londres e listada na bolsa londrina e na de Toronto, está dando partida a seu projeto de produção de ferro-níquel, o Araguaia, no sudeste do Pará. Localizado em Conceição do Araguaia, tem investimentos orçado total de US$ 633 milhões, na primeira fase. Desse valor, US$ 504 milhões são aportes diretos na operação.

Hoje, a empresa, com presença de seus principais executivos e autoridades, lança a chamada pedra fundamental. “Nossa meta é concluir a obra até o fim de dezembro de 2023, começando a produzir em janeiro de 2024”, disse ao Valor o diretor-geral do projeto, Leonardo Vilas Boas Vianna.

O diretor financeiro, Tiago Moreira Miranda, informou que o projeto já está totalmente financiado. O maior pacote de recursos, de US$ 346 milhões, foi garantido ainda em 2021 com um pool de bancos e duas agências de crédito à exportação (ECAs, na sigla em inglês) — Finvera, da Finlândia, e EKF, da Dinamarca.

As áreas de mineração e de instalação do projeto ficam a cerca de 40 km de Conceição do Araguaia, cidade que fica à margens do rio Araguaia. A unidade industrial terá capacidade total de beneficiar 900 mil toneladas de minério seco por ano, de onde serão geradas 52 mil toneladas de ferro-níquel, sendo 14,5 mil ao ano de níquel contido. Vai ser uma liga tipo FN-30, considerada premium no mercado consumidor.

A Horizonte informa que assinou um acordo “offtake” com a gigante de trading de commodities Glencore de venda de 100% da produção do Araguaia, com base no preço da LME (Bolsa de Metais de Londres), por 10 anos.

O principal cliente do ferro-níquel no mercado global são as siderúrgicas de aço inoxidável. Esse tipo de aço, resistente à corrosão graças ao níquel, tem características especiais de aplicações, como fabricação de itens domésticos, equipamentos médicos, entre outros em vários setores.

Mina com vida útil de 28 anos

Pelas reservas de minério de níquel na área de concessão da Horizonte, os estudos do projeto indicaram a opção de instalação de uma segunda linha de processo, com instalação concluída em 2027. A nova linha será espelhada à primeira, com mais 14,5 mil toneladas de níquel contido, elevando a produção a 29 mil por ano em 2028 nas duas linhas.

A vida útil inicial da mina foi definida entre 26 e 28 anos, já considerando as duas fases de produção. Ao longo do tempo, novas reservas de minério serão incorporadas. A operação de extração do minério, do tipo laterítico, será em mina a céu aberto, que extrairá a partir de diversas cavas, numa profundidade de 70 centímetros abaixo do solo.

Segundo Vianna, a operação não utilizará água nas operações — portanto, todo o rejeito gerado será seco e será empilhado em locais próprios. O executivo acrescenta que a áreas de mineração estão situadas em antigas fazendas de pecuária e não tem conflitos com indígenas. Haverá apenas um reservatório de água, que seguirá os requisitos de segurança estabelecidos pela Política Nacional de Segurança de Barragens.

Em estudos com o Senai, verificou-se que a escória gerada no processo pode ser aproveitada na produção de cerâmica, pavimento e cimento.

A produção da liga de níquel e ferro exigirá uma suprimento de energia (65 MW médios), que será feito por uma linha de transmissão de 120 km. O produto, que será exportado, vai ser transportado por via rodoviária, num percurso de 900 km, até o porto de Vila do Conde, ao sul de Belém — serão 2 mil viagens ao ano.

As carretas voltarão com carvão metalúrgico, item de grande importância no processo de produção. Junto com energia são os dois itens de maior custo — em torno de 45% —, diz Miranda.

“O projeto é bastante competitivo. Na modelagem do estudo de viabilidade considerou-se preços entre US$ 14 mil e US$ 16.400 a tonelada, com uma taxa interna de retorno de 27%”, informa o CFO. O custo do metal do Araguaia, informa Vianna, será de US$ 6,8 mil a tonelada.

Nesta semana, o metal foi negociado na Bolsa de Londres (LME) a US$ 28 a tonelada. “Entramos na lugar certo, no momento certo”, afirma Miranda.

Demanda em alta até 2040

As perspectivas de demanda são promissoras. A partir de 2025, diz, está previsto descolamento da curva de oferta e demanda, puxada pelo consumo de níquel para baterias de carros elétricos, enquanto o mercado de aço inox continuará em alta.

A estimativa de consultorias é de que a demanda vai evoluir de 2,5 milhões para 4 milhões de toneladas até 2040. “Não se vê novos projetos entrando no mercado”.

Segundo Vianna, no pico das obras vão ser de 2,2 mil ou 3 mil pessoas, se houver necessidade de acelerar. Agora começamos a terraplenagem, a seguir a obra civil, depois a montagem eletromecânica e, por fim, o comissionamento das instalações fabris. Na operação, serão 500 pessoas. Dessas, já foi iniciado treinamento de 390 que são residentes na região.

A Horizonte vem atuando no Pará há cerca de dez anos. Nesse período, obteve concessões de pesquisa e lavra na região. Ampliou sua base de recursos minerais com a aquisição do Araguaia da Teck Resources e da gigante suíça Glencore.

A companhia também comprou uma operação da Vale, o Vermelho, em 2017, voltado para produção de níquel e cobalto, situado em Canaã dos Carajás, próximo da província mineral de Carajás.

Segundo a empresa, o Araguaia é o maior investimento em níquel do país. Com o Vermelho, que ainda depende de um estudo de viabilidade econômica que vai até meados de 2023, a Horizonte alega que terá um “perfil de produção escalável de mais de 50 mil toneladas de níquel por ano”. Isso deverá ocorrer entre 2029/2030.

Com isso, diz, vai se posicionar entre os principais produtores mundiais de níquel, com operações bastante competitivas — no primeiro quartil na curva de custos de produção — menos de US$ 10 mil a tonelada — e com longa vida útil da mina.

Para avançar no projeto, no ano passado, a empresa fechou acordo de US$ 25 milhões em royalties assinado com a Orion Resources Partners (uma das acionistas da Horizonte) visando realizar o estudo de viabilidade e licenciamento.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/05/17/horizonte-minerals-inicia-projeto-de-niquel-de-us-633-milhoes-no-para.ghtml

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