Vale fecha compra de carros de passageiros com a CRRC Sifang

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A Vale fechou a compra de 62 carros de passageiros com a fabricante chinesa CRRC Sifang, a mesma que produziu os oito trens de oito carros cada para a Linha 13-Jade da CPTM. O material rodante vai agregar as frotas da Estrada de Ferro Vitória a Minas e da Estrada de Ferro Carajás. Segundo a Vale, a expectativa é que os novos carros da EFVM entrem em operação em 2024, e os da EFC, em 2026.  

A aquisição dos carros está prevista no termo aditivo de renovação antecipada dos contratos de concessão da EFVM e da EFC, assinado no fim de 2020. No contrato da EFVM, ficou previsto que a concessionária teria que aumentar a oferta diária de um para dois pares de trens de passageiros nos meses de férias (janeiro, julho e dezembro) a partir de 2025. Do total de carros, cinco serão do tipo restaurante. A aquisição visa atender a projeção da concessionária de transportar 1.075.125 passageiros/ano a partir de 2025.  

Já o transporte de passageiros na EFC é feito, atualmente, em dias intercalados. O termo aditivo estipulou o aumento da frequência dos trens, cujas viagens passarão a ser diárias a partir de 2026. Foi prevista a compra de carros de passageiros – entre os quais dois do tipo restaurante, um do tipo gerador e um do tipo bagageiro. A Vale não informou quantos do total de 62 carros encomendados serão destinados à EFVM e à EFC. 

Polêmica 

A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) emitiu uma nota manifestando “total indignação” com a escolha da Vale pela fabricante chinesa. Antes de o contrato com a CRRC Sifang ser assinado, a Marcopolo Rail em parceria com a Hyundai-Rotem havia iniciado a negociação com a Vale para a produção dos carros. Segundo o presidente da Abifer, Vicente Abate, não houve “boa vontade em fechar negócio com a empresa brasileira”. A última encomenda de carros de passageiros pela Vale aconteceu em 2014, produzidos pela empresa romena Astra Vagoane.  

Veja na íntegra o manifesto da Abifer: 

“MANIFESTAÇÃO INDÚSTRIA FERROVIÁRIA BRASILEIRA 

Vimos a público manifestar nossa total indignação pelo anúncio que a empresa Vale realizará, no início desta semana, sobre a aquisição que fará de trens a serem produzidos na China, para a EFVM e EFC. 

Causa especial surpresa que uma empresa brasileira priorize empregos do outro lado do mundo, sabendo da luta que o Governo e a sociedade brasileira organizada travam em prol da geração de empregos e renda para brasileiras e brasileiros. 

Por mais que a empresa Vale tenha alegado que deu oportunidade à empresa nacional, na negociação, restou claro que não houve a mínima boa vontade em fechar esse negócio com a empresa brasileira, que lhe ofereceu diversas e evidentes vantagens, dentre tantas outras, como o impacto positivo para a Vale no ciclo de vida útil dos trens brasileiros. 

Por último, registramos o péssimo histórico de trens chineses no Brasil. 

ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária 

Vicente Abate – Presidente 

SIMEFRE – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários 

Massimo Giavina – Vice-presidente” 

Vale se posiciona 

A Vale emitiu um comunicado sobre o manifesto da Abifer: 

“A Vale informa que a decisão de compra de novos vagões para o Trem de Passageiros da EFVM e da EFC seguiu critérios técnicos e comerciais. A companhia reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento da indústria nacional. Em 2021, foram adquiridos R$ 64 bilhões de fornecedores locais, o que representa 90% do total de compras, gerando emprego e renda no país. O modelo operacional que vai determinar o uso desses vagões nas duas ferrovias está sendo avaliado juntamente com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A nova frota da EFVM vai entrar em operação em 2024 e a da EFC, em 2026, como previsto no contrato de renovação da concessão ferroviária.”

Nota da ANTF

A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários divulgou uma nota em apoio à Vale. Segue o comunicado na íntegra:

“ANTF apoia decisão da Vale em compra de carros de passageiros

A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) comunica seu apoio à Vale na sua livre decisão de comprar 62 novos carros da fabricante chinesa CRRC Sifang para o Trem de Passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e da Estrada de Ferro Carajás (EFC). A opção da mineradora atende a questões internas de compliance e está baseada em critérios comerciais e técnicos.

A compra dos carros está prevista na cláusula do termo aditivo da renovação antecipada da EFVM e da EFC, assinado em 2020, para atender ao aumento da demanda do Trem de Passageiro das duas ferrovias. Os novos carros serão entregues a partir de dezembro de 2024. A mineradora é uma tradicional compradora da indústria ferroviária nacional. No ano passado, comprou quase R$ 1 bilhão em conteúdo ferroviário no país.

A Vale e outras associadas que tiveram seus contratos de prorrogação antecipada qualificados pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI) vão investir mais de R$ 30 bilhões apenas nos primeiros cinco anos da assinatura dos termos aditivos, gerando emprego e renda. Os recursos serão direcionados ao aumento da capacidade de transporte da malha, para a redução de conflitos urbanos e para a superação de gargalos logísticos.

Os investimentos na malha ferroviária também contribuem para o crescimento da produção de outros setores da indústria ferroviária e do país de forma geral. Estima-se um aumento de R$ 13,5 bilhões na demanda dos setores de produtos de metal, máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos e eletrônicos, comunicações e construção em virtude dos investimentos oriundos das prorrogações.”

 

4 Comentários

  1. Queria entender do porque na ligação Vitóriaa a Belo Horizonte , faltar a disposição dos passageiros , Vagões com Cabines ou Camarotes ,é uma viagem longa , esses Vagões são necessários!

  2. Sugiro reportagens sobre projetos metroferroviarios em andamento (ainda que estudo ou projeto ) por esse Brasil afora.
    Também seria interessante analises do impacto de sistemas de transporte integrado (carga e passageiros) na economia das regiões atendidas por esse sistemas. A integração ferrovia-rodovia-fluvial apresenta benefícios extraordinários que merecem ser discutidos com as autoridades responsáveis.

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