A importância do pensamento assertivo para a transformação da mobilidade urbana

DANIEL LOUREIRO
Gerente de operações da Linha Uni, responsável pela implantação e operação da Linha 6-Laranja de metrô de São Paulo

Projetos metroferroviários são grandiosos. Geram muitos empregos e transformam muitas vidas. Quem trabalha em uma construção deste tipo aprende e evolui muito. Os profissionais terminam suas trajetórias nesses projetos muito mais completos e preparados do que quando chegaram.

Entretanto, obras dessa magnitude têm um propósito ainda maior. A construção de uma nova linha de metrô beneficia muitas pessoas que moram ou trabalham ao longo da linha e utilizam o meio de transporte. É uma importante conquista para a cidade, além de ser um passo fundamental na civilidade e na qualidade de vida dos passageiros e lindeiros.

De acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”, feita pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, 26% da população paulistana gasta mais de 2 horas em deslocamentos diários. Isso significa que otimizar esse serviço é essencial.

É por isso que projetos complexos, como o da Linha 6-Laranja, devem ser vistos sob outra ótica. Mais do que a obra em si, é preciso pensar em questões como a vida útil do sistema, o custo da operação e sua qualidade, e tudo isso depende de parcerias com diversas entidades, como construtoras, poder público e demais envolvidos. O que quero dizer é que a construção pesada viabiliza o projeto, mas os sistemas implantados é que fazem a diferença operacional do empreendimento.

Um sistema que não mantém uma regularidade adequada de trens gera lotação ainda maior nas estações. Um sistema que não é pensado para ter redundâncias e estratégias em situações de falhas gera insatisfação, atrasos e deixa de desempenhar o seu papel na cidade.

No fim, o sistema metroferroviário precisa ter um ótimo desempenho, com o máximo de ferramentas possíveis para que, com o sistema em falha, o restabelecimento do modo normal seja efetivo, rápido e tenha meios de manter uma operação com um mínimo de qualidade. Tudo isso fará diferença em todo o processo, com o usuário tendo o benefício de chegar a lugares importantes de forma mais rápida e segura.

Basicamente, a linha tem que ter planos de contingência para as falhas que, em maior ou menor escala, sempre vão ocorrer. A grande diferença é como uma operadora reage a elas. Esse pensamento é o que chamo de “Design para Operar”, já que é preciso não somente estar focado em redução de custos – que é muito importante -, mas também na qualidade da entrega e na sustentação dessa qualidade, na gestão do ativo metroferroviário.

Acredito que para alcançar essas metas e manter o sistema sempre funcional, as parcerias público-privadas (PPPs) serão cada vez mais relevantes. É por meio dessas ações que podemos contribuir para o desenvolvimento de estratégias que auxiliem no crescimento das inovações voltadas para as cidades, e isso inclui o sistema metroferroviário. O trabalho em conjunto entre construtores, responsáveis pela implantação dos sistemas e equipes que irão mantê-los e operá-los, não somente é necessário para que todo esse aparato esteja mais bem preparado, mas também o que o usuário espera, como a parte interessada mais importante de projetos que transformam a cidade e oferecem uma qualidade de vida muito melhor à sua população.

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