Valor Econômico – A Santos Brasil prevê continuar adquirindo novos negócios, porém, será seletiva, afirmou o presidente da empresa, Antonio Carlos Sepúlveda, em evento com investidores nesta quarta-feira (19).
“Vamos entrar em uma fase de geração de caixa. Ou você agrega valor ao negócio ou você paga dividendo. A gente deve entrar em uma era de pagamento de dividendo. Acho possível M&A [fusões e aquisições] em projetos que vão acontecer, que estamos estudando, mas somos muito exigentes. É um setor pesado em capital e com concorrência, temos que escolher muito bem o local em que vamos entrar e buscar sempre retornos de dois dígitos”, afirmou o executivo.
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“Se conseguir, teremos uma estrutura de capital mais rápido, se não, vai ser através de dividendos. Mas esperamos ter novos investimentos, inclusive para complementar a carteira de líquidos. Estamos sempre estudando novas oportunidades. Nosso radar está ligado para conseguir projetos novos e conseguir uma estrutura de capital mais eficiente”, disse.
Em relação ao segmento de logística, a expectativa da empresa é ter um crescimento orgânico e “asset light”.
Segundo Sepúlveda, a Santos Brasil terá três principais vetores de crescimento: contêineres, logística integrada e granéis líquidos.
“O nosso grande negócio é contêiner, com o Tecon Santos. O segundo negócio é a logística integrada ao porto, que acontece basicamente no Porto de Santos. Buscamos fazer ‘cross-selling’ com os contêineres descarregados”, disse ele.
“E o negócio mais novo da empresa é granéis líquidos no porto de Itaqui [no Maranhão]. Estudamos muito isso durante anos, principalmente por causa da aderência ao agronegócio. Vamos movimentar óleo diesel para o agronegócio do Matopi [Maranhão, Tocantins, Piauí]”, afirmou.
Segundo o executivo, a companhia conseguiu antecipar o início da operação em Itaqui. “O projeto já tem 25% para operar. Quanto mais nos aprofundamos na região, mais vemos a imensidão daquele mercado”, disse ele.
Porto de Itaqui
A Santos Brasil prevê obter, nos próximos dias, autorização para operar seu segundo terminal de combustíveis do porto de Itaqui, segundo o diretor de granéis líquidos do grupo, Carlos Alberto Quintero.
No último mês, a empresa já conseguiu o aval da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para operar seu primeiro terminal no porto.
A companhia conquistou, em abril de 2021, três terminais de granéis líquidos em Itaqui. Dois deles já eram operacionais (brownfield). O terceiro terminal “greenfield”, que está sendo desenvolvido desde o início, deverá ser entregue até 2026.
“A empresa começa com uma capacidade original de 50 mil metros cúbicos, que é a capacidade que atendia as distribuidoras e que futuramente será multiplicada por quatro. É um negócio em que a escala é fundamental”, afirmou Quintero.
Eleições presidenciais
A Santos Brasil vê com bons olhos a privatização do Porto de Santos e afirma que a eleição presidencial será determinante. “A eleição agora é decisiva nesse processo. Se tiver uma mudança de controle não sabemos se vai continuar como está. Torcemos para que a privatização aconteça”, disse Sepúlveda.
“Vemos com bons olhos a privatização da SPA [Santos Port Authority]. Para terminais será vantagem, a gente poderá negociar contratos de forma mais flexível”, disse.
Sepúlveda também afirmou que o leilão do chamado STS-10, um mega terminal de contêineres no cais santista, que o atual governo tentou licitar, não é a melhor solução.
“Santos não é um porto tão grande assim para ter quatro terminais de contêineres, é ineficiente”, disse. “Acho que o melhor seria a ampliação da BTP [terminal da Maersk e da MSC], e da Santos Brasil, fazer terminais grandes. Não sei se uma SPA privada vai buscar essa alternativa”, disse.
Ele também destacou a importância de investimentos na dragagem e no canal de acesso, que são o principal gargalo do porto.
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