Valor Econômico – O diagnóstico de possível colapso do Crea-SP para o sistema de transportes no Estado de São Paulo é visto como “exagerado” por Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados e coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais.
Contudo, ele concorda que há gargalos importantes e acredita ser positiva a iniciativa de colocar o tema em debate no momento em que um novo governo planeja as suas prioridades.
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“A expressão colapso me parece exagerada, sobretudo quando se coloca em perspectiva comparada. A infraestrutura de São Paulo tem, de fato, várias lacunas. Isso é inegável. Mas está anos-luz na frente da média brasileira. Se usarmos o conceito de colapso para São Paulo, o país já estaria colapsado”, avalia o consultor.
Por outro lado, ele destaca que o maior hiato de investimento em infraestrutura neste momento está exatamente em transporte e logística, o que causa efeitos na economia como um todo. “Embora a expressão colapso seja exagerada, é positivo chamar a atenção para a infraestrutura porque é um segmento que pode aumentar a competitividade da economia e gera demanda e crescimento”, aponta.
Assim como o Crea-SP, Gesner, que já presidiu a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) entre 2007 e 2011, ressalta a necessidade de agilizar a conclusão do Rodoanel, investir em ferrovia, melhorar o acesso ao Porto de Santos e despoluir os rios.
“A estrutura ferroviária e a melhoria de acesso ao porto são muito importantes para o Estado ao lado do programa de despoluição do Tietê e do Pinheiros. São Paulo perdeu os rios por negligência histórica ao longo do século XX e é preciso reconquistar o rio para ter a opção hidroviária novamente”, comenta.
Diante dos obstáculos fiscais tanto por parte do Estado paulista quanto do governo federal, Gesner indica que a viabilização das obras necessárias para desafogar o sistema de transporte em São Paulo e no Brasil passa por parcerias com a iniciativa privada, principalmente por meio de concessões. “É essencial que o governo entenda esse fato.”
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