Metrô CPTM – Em 2022, a Linha 15-Prata operou com 16 trens nos horários de pico, de acordo com informações divulgadas pelo Metrô. Foram 15 composições no trecho principal e mais uma circulando entre São Mateus e Jardim Colonial.
A quantidade de trens representa apenas 60% da frota recebida pela companhia, de 27 unidades do modelo Innovia 300, fabricado pela Bombardier em Hortolândia há cerca de dez anos.
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Apesar disso, o ramal tem sofrido com problemas operacionais pela falta de disponibilidade de composições, o que afeta até mesmo a Linha 2-Verde, como ocorreu nesta terça-feira, 3.
Questionado, o Metrô de São Paulo revelou que oito trens estão parados, quatro deles por conta das colisões e outros quatro por falta de peças que estão na garantia. Nesses casos, a responsabilidade recai sobre a Alstom, empresa francesa que comprou a Bombardier e herdou seus monotrilhos.
“Dos 27 trens da frota que atendem a Linha 15-Prata, quatro passam pelo processo de correção, devido a colisões, enquanto outros quatro aguardam a disponibilização de peças da garantia do fornecedor“, explicou a nota do Metrô enviada ao site.
A companhia do estado disse ainda que outros três Innovia 300 estavam passando por “manutenção preventiva, corretiva e preditiva com o objetivo detectar problemas futuros no material rodante e dentro do processo de transição da manutenção da fabricante para o Metrô“.
Ou seja, nada menos que 11 dos 27 trens estavam fora de operação, o que explica a dificuldade da Linha 15 atender à demanda crescente. Qualquer problema extra e a frota disponível se torna menor do que a necessária.
Entre os trens confirmados pelo site como fora de serviço estão as composições M03, M07, M20 e os quatro trens (M14, M15, M22 e M23) que colidiram durante manobras fora do horário de funcionamento do ramal.
Licitações de peças
O que mais chama a atenção, no entanto, é que os trens M22 e M23, envolvidos com a primeira colisão, em janeiro de 2019, permanecem afastados mais de quatro anos depois do acidente.
São sinais bastante claros que a manutenção dos Innovia 300 passa por dificuldades e não é de hoje. Reforça essa impressão o fato de que o Metrô tem promovido vários pregões em busca de fornecedores alternativos.
Em março, por exemplo, a companhia assinou contratos para obter componentes como pinças de freios, vedações para sistemas de suspensão, ventiladores para o ar condicionado e peças eletrônicas para o sistema auxiliar de alimentação do trem.
Além disso, o Metrô está abrindo processos de homologação para conseguir novos fornecedores para pneus e cilindro de direção, de forma a não depender dos fabricantes originais. No segundo caso, a licitação revela que o fornecedor primário já não produz o componente.
Mais 19 trens chineses a caminho
O cenário preocupante ocorre justamente quando a Linha 15-Prata está avançando com a infraestrutura de operação graças a dois novos aparelhos de mudança de via que prometem ampliar a oferta de viagens. O Metrô também está ampliando o ramal em mais três estações e por isso encomendou mais 19 trens, que serão fabricados na China.
A tarefa de produzir a nova frota é da CRRC Puzhen, uma joint venture entre a gigante chinesa e a Alstom e que já produz o Innovia 300 para outros projetos. O modelo também está sendo implantado em outros países como o Egito, o que em tese indica que não faltam componentes para esses trens novos.
Daí surge a grande questão: por que a Alstom, herdeira dos trens fabricados pela Bombardier, não está dando o suporte necessário aos seus trens, cuja garantia ainda está em vigor?
A fabricante francesa adquiriu a divisão ferroviária do grupo canadense e é hoje a sócia que consta do Consórcio Expresso Monotrilho Leste (CEML), junto das construtoras Álya e Coesa. Ou seja, cabe a ela manter os trens de monotrilho em funcionamento.
A empresa, no entanto, não quer comentar o assunto, por razões não esclarecidas.
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