Valor Econômico – As debêntures de infraestrutura, títulos incentivados com isenção de Imposto de Renda, ganharam tração em um ano marcado por grave crise no crédito corporativo, iniciada com a eclosão dos casos Americanas e Light. No ano, até agosto, as emissões somaram R$ 21,8 bilhões, segundo a gestora JGP.
A expectativa é que o volume cresça com outras operações na fila. A estimativa de mercado é de que alcancem entre R$ 40 bilhões e R$ 45 bilhões até o fim de 2023 – aumento de pouco mais de 10%, considerando o volume captado no ano anterior, mas que não seria um novo recorde.
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Além do setor de saneamento, responsável por duas megaoperações recentes – da Aegea e Iguá, que somaram R$ 10 bilhões -, energia e rodovias deverão puxar para cima o volume antes do fim do ano. Os dois segmentos foram responsáveis por 90% do total captado em 2022, de acordo com dados compilados pelo Ministério da Economia.
Na sexta-feira, a Eletrobras levantou R$ 7 bilhões, sendo R$ 4 bilhões com títulos incentivados. No fim da semana passada, a Suzano também fechou a captação de R$ 2 bilhões. Enauta, Taesa e VLI Multimodal estão entre as companhias com operações na rua. Segundo fontes, Copel, Cemig e CPFL devem anunciar transações em breve.
Felipe Thut, responsável pelo banco de investimento do Bradesco BBI, afirma que estão na fila muitas operações, mas o início do ano, travado, prejudicou. “Com isso se perdeu volume no ano e vai acabar ficando aquém do que poderia ter sido.” O executivo aponta que o cenário tem sido atrativo para esses papéis, considerando a queda da taxa básica de juros.
O investidor que opta por uma debênture se torna credor da companhia, em troca de remuneração de médio a longo prazo. As debêntures incentivadas foram criadas para estimular justamente projetos de infraestrutura. “A área de saneamento teve uma revolução e a demanda nesse segmento vai crescer muito”, afirma Ricardo Russo, chefe da área de infraestrutura do Pinheiro Neto Advogados.
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