O Globo – O trem de alta velocidade que liga Miami e Orlando em cerca de três horas finalmente saiu do papel. O trecho, que conecta as duas cidades mais visitadas não só da Flórida, mas de todos os Estados Unidos, foi inaugurado na última sexta-feira, 22 de setembro, pela Brightline, que agora conta com seis estações conectando o sul à região central do estado.
Em viagem pela Flórida, a reportagem do GLOBO pode experimentar o serviço (entre Miami e Fort Lauderdale) e conhecer as estações tanto de Miami quanto de Orlando ainda antes da inauguração oficial. A seguir, saiba como é viajar de trem pelo estado e veja as informações mais importantes.
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Quanto tempo dura a viagem?
Orlando é a sexta estação da Brightline na Flórida. As outras ficam em Miami, Aventura, Fort Lauderdale, Boca Raton e West Palm Beach, todas cidades litorâneas. Entre Miami, o ponto mais ao sul da linha, e Orlando, já na região central do estado, são 378 quilômetros de trilhos.
Os trens de alta velocidade (que podem atingir 200km/h no trecho entre West Palm Beach e Orlando) percorrem esse trajeto em pouco mais de três horas, em média uma hora a menos do que se gasta de carro, numa viagem direta. No trajeto com paradas, o tempo pode chegar a três horas e meia.
A linha terá, no total, 16 viagens para cada trecho, ou seja, 32 saídas por dia, ida e volta. O primeiro trem parte da estação (de Orlando e de Miami) às 5h e o último, às 23h. O planejamento da empresa é de que o passageiro não espere muito mais que uma hora entre um trem e outro.
Quanto custa?
Os trens da Brightline contam com duas classes: a Smart, mais econômica, e a Premium. Na primeira, as passagens para um trecho entre as estações Miami e Orlando custam a partir de US$ 79, e não dão direito à bagagem despachada ou serviço de bordo incluído. Para crianças entre dois e 12 anos, a tarifa começa em US$ 39. E grupos com quatro pessoas ou mais têm desconto de 25% no preço final.
Na categoria superior, com assentos mais amplos e embarque prioritário, o bilhete para apenas um trecho custa a partir de US$ 149 e dá direito a despachar uma peça de bagagem e serviço de bordo com snacks e bebida. Os passageiros da Premium também podem acessar os lounges VIP das estações, onde também há comida e bebida incluída no valor. A tarifa também dá direito a uma corrida de Uber, de e para qualquer estação da rede, dentro de um raio de cinco milhas, cerca de oito quilômetros (para acionar esse benefício é preciso fazer a reserva do carro pelo próprio site da Brightline).
Ambas categorias oferecem Wi-Fi gratuitamente e tomadas (normais ou USB) para carregar aparelhos eletrônicos, como celulares, tablets e computadores. Entre os gastos extras está o de despacho de bagagem na classe Smart, que custa US$ 20.
Onde ficam as estações em Miami e Orlando?
Todas as cinco estações da Brightline no sul da Flórida (entre Miami e West Palm Beach) ficam nas áreas centrais da cidade. A de Miami está em pleno Downtown, e está conectada ao transporte público da cidade (metrô, ônibus e Metromover). Ou seja, quem desembarca ali consegue chegar facilmente a áreas de interesse, como o bairro de Brickell e Wynwood.
Já a novíssima estação de Orlando está no Terminal C do aeroporto internacional da cidade, inaugurado há apenas um ano e que concentra voos internacionais (entre eles os das companhias aéreas brasileiras Gol e Azul). Passageiros que chegam por esse terminal ou vão embarcar por ele, acessam facilmente a estação da Brightline. Já quem utiliza os terminais A e B pode chegar através do trenzinho interno do aeroporto, numa viagem que pode levar até 15 minutos.
Como é a experiência dentro das estações?
Ambas estações (Miami e Orlando) são bem amplas, o que não significa que o passageiro perderá muito tempo entre a porta de entrada e o embarque no trem. O processo é bastante simples.
Após comprar sua passagem, o passageiro recebe um código QR (no e-mail ou no aplicativo), que será usado como cartão de embarque. É possível imprimir o bilhete em terminais de autoatendimento ou no balcão de atenção ao cliente, mas é bem mais prático usar a versão digital. Com esse código, o viajante entra pelas catracas automatizadas e chega à área de segurança, que consiste em uma máquina de raio-x, por onde todas bagagens de mão precisam passar. Os passageiros também passam por um detector de metais. Como os procedimentos não são tão rígidos quanto os praticados nos aeroportos, a fila flui com bastante rapidez.
Essa agilidade em relação ao transporte aéreo, aliás, é um dos pontos positivos de uma viagem de trem. Ao contrário do que acontece nos aeroportos, não é preciso chegar com tanta antecedência às estações da Brightline. Caso não vá despachar bagagem, uns 15 minutos antes do horário marcado já deve ser suficiente, segundo funcionários. Se o despacho for necessário, é bom chegar com pelo menos meia hora, porque o procedimento é manual, feito num guichê de atendimento ao passageiro, e pode haver fila.
Se o passageiro tiver tempo, pode relaxar dentro da estação. As salas de espera são bastante confortáveis, com Wi-Fi liberado e poltronas e sofás novos, tanto no lounge comum quanto na área VIP. Todas as estações contam com o bar Mary Mary, com muitas opções de drinques e pratos rápidos, como pizzas, hambúrgueres e saladas. Uma curiosidade em relação a este bar: na sala VIP da estação de Orlando, há uma máquina onde o passageiro pode pedir um drinque de forma automatizada.
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