VLI busca ‘dentro de casa’ soluções para inovação

Valor Econômico – A VLI, concessionária de ferrovias, portos e terminais portuários integrados, investe no desenvolvimento de projetos de inovação criados pelos próprios empregados. O objetivo é acelerar a transformação da companhia, tendo em vista tendências tecnológicas e de governança corporativa e socioambiental. Recentemente, a companhia selecionou três projetos que começam a ser desenvolvidos internamente em outubro, para início da operação comercial em janeiro de 2024.

A VLI é controlada por Vale, Mitsui, Brookfield e o fundo FI-FGTS. A empresa opera as ferrovias Norte-Sul e Centro-Atlântica, além de terminais integradores e terminais portuários em Santos (SP), São Luís (MA), Barra dos Coqueiros (SE), São Gonçalo do Amarante (CE) e Vitória (ES).

Nos últimos três anos, a VLI desembolsou em torno de R$ 600 milhões na área digital e de inovação.

A companhia contou com a Accenture para desenhar o seu modelo de inovação, que prevê a absorção das inovações dentro da empresa ou a criação de startups que vão fornecer a inovação para a VLI ou para seus clientes.

“A gente entende que o portfólio de produtos e serviços de 2023 não é o mesmo que vai ter em 2030. O programa de inovação tem o papel de preparar esse novo portfólio”, afirmou Loïc Hamon, gerente-geral de tecnologia, inovação e logística digital da VLI.

A intenção, segundo Hamon, é incubar negócios da VLI que comecem a gerar novas fontes de renda, e fazer a aceleração dos negócios nos próximos cinco a dez anos.

Há quatro anos, a VLI realiza um programa para impulsionar a criação de novos negócios e produtos inovadores a partir de propostas feitas pelos empregados. Nos três primeiros anos, participaram cerca de 400 empregados com 90 projetos. Desse total, nove foram incubados e se converteram em produtos e serviços usados pela VLI. “Temos um ganho com essas iniciativas da ordem de R$ 20 milhões”, disse Hamon.

Na edição deste ano do programa, 188 funcionários apresentaram 47 projetos. Desse total, dez passaram por uma fase de refinamento em um ‘bootcamp’, cinco seguiram para a fase de aceleração e três foram escolhidos para se tornarem comerciais.

Um dos projetos é a plataforma Reverse, elaborada por funcionários de Minas Gerais, Bahia e São Paulo, para mapeamento e venda de sucatas e resíduos. “A gente tem mais de 8 mil quilômetros de ferrovias em mais de 250 cidades. Há dificuldade de localizar os resíduos e fazer seu reaproveitamento no entorno. Com a plataforma, os funcionários que caminham pelas vias são motivados a reconhecer resíduos que possam ser reaproveitados”, afirmou Hamon. Em uma segunda fase, será criado um marketplace para venda ou doação dos resíduos para comunidades próximas às ferrovias.

Outro projeto, elaborado por equipes de Minas Gerais, é o RailAI Predict, de uso de inteligência artificial para prever e prescrever fatores que causam falhas e acidentes nas ferrovia, afetando a circulação. “Essa startup quer usar machine learning [aprendizado de máquina] para identificar possíveis falhas e evitar acidentes, usando uma infinidade de dados que temos sobre as locomotivas, vagões, topologias, raios de curva. Vamos locar técnicos e mentores para ajudar as equipes a desenhar a plataforma” disse Hamon.

Outro projeto selecionado é a SemC, de venda de crédito de carbono na logística ferroviária, elaborado por equipes de São Paulo e Minas Gerais. Hamon observou que a ferrovia é considerado um modal limpo do ponto de vista de emissões de carbono. Um trem substitui 250 caminhões nas estradas, transportando até 10 mil toneladas de material. “A eficiência energética é de sete a 9 vezes maior que a do modal rodoviário. Esse modelo de venda de crédito de carbono está em fase de desenho”, observou Hamon.

A companhia também trabalha para criar um fundo de investimento em participações para fazer aportes em startups voltadas para as áreas de logitech e agtech. Em agosto, a VLI fez um aporte de R$ 1,5 milhão na Brasil Agritest, que desenvolve uma tecnologia para automatizar a verificação da qualidade dos grãos de soja. Essa verificação hoje é feita manualmente mundo afora.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/09/15/vli-busca-dentro-de-casa-solucoes-para-inovacao.ghtml

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