Valor Econômico – A Vale registrou lucro líquido de R$ 39,9 bilhões em 2023, queda de quase 54% em relação a 2022, segundo números divulgados na noite desta quinta-feira (22) pela empresa. O resultado foi determinado por algumas variáveis conjunturais, mas os fundamentos da empresa seguem sólidos e essa avaliação foi reconhecida por analistas de bancos de investimento nas horas seguintes à divulgação do resultado. A seguir o Valor explica as razões do lucro ter caído e quais são as perspectivas da empresa:
Por que o lucro da Vale caiu?
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A Vale, a maior mineradora do país e uma das maiores do mundo, registrou queda de 53,6% no lucro em 2023 ante o ano anterior, para R$ 39,9 bilhões, informou a companhia na noite de ontem. Em 2022, o lucro da empresa havia sido de R$ 86,1 bilhões.
A companhia justificou a queda do lucro no ano passado em função, principalmente, de menores preços médios realizados e do impacto negativo de perdas cambiais.
Provisão
No quarto trimestre de 2023, a Vale fez uma provisão de US$ 1,2 bilhão no balanço para compromisso da Fundação Renova e para um potencial acordo global da tragédia de Mariana (MG), em 2015. A provisão foi um dos fatores que impactaram negativamente o lucro da Vale no quarto trimestre do ano passado em relação ao trimestre anterior.
De outubro a dezembro de 2023, o lucro da mineradora ficou em R$ 11,98 bilhões, queda de 7,8% sobre idêntico período de 2022.
Tributos
A Vale registrou também um aumento no lucro tributável no quarto trimestre de 2023, no montante de US$ 1,5 bilhão, em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o que também influenciou no resultado final da mineradora.
Dívida
A provisão levou a companhia a ter um aumento na dívida líquida expandida ao fim do exercício de 2023. Esse conceito considera outros compromissos, além dos operacionais, incluindo o Refis (programa de refinanciamento do governo federal) e as obrigações de reparação de Mariana e Brumadinho.
A dívida líquida expandida da Vale, ao fim de 2023, era de US$ 16,2 bilhões, US$ 670 milhões maior do que no terceiro trimestre. A meta de dívida líquida expandida da Vale continua a ser de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões.
Reação positiva
Apesar de o lucro ter apresentado queda, o mercado recebeu bem os resultados da mineradora. O Citi, por exemplo, disse que os resultados financeiros da Vale superaram as expectativas no quarto trimestre do ano, com desempenho de custos e geração de caixa sendo os principais destaques do período. O Bradesco BBI falou em resultados robustos, enquanto XP indicou que os números foram melhores que os esperados.
Na prática, o que ocorre é que o mercado não olha para o lucro como uma variável determinante para medir o desempenho operacional da Vale. A razão é que o lucro é suscetível a efeitos não recorrentes, como a variação cambial, por exemplo, e a oscilação dos preços do minério de ferro.
Os analistas preferem avaliar outras métricas para medir a saúde financeira da Vale e as perspectivas da empresa, incluindo a receita e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). E nestes aspectos a Vale é reconhecida por ser uma grande geradora de caixa.
Não à toa a empresa anunciou ontem uma nova rodada de pagamentos de dividendos, em 19 de março, no total de R$ 11,72 bilhões.
A mineradora é uma das maiores pagadoras de dividendos no mercado acionário brasileiro.
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