Valor Econômico – Passado o susto inicial com o momento do anúncio de troca no comando na Suzano — que já era esperada, mas as apostas indicavam para o segundo semestre, após a entrada em operação do Projeto Cerrado —, o que realmente surpreendeu analistas, investidores e executivos da indústria de celulose e papel ouvidos pelo Valor foi a escolha de um sucessor de fora e não dos quadros da companhia.
A escolha de Beto Abreu, que está se desligando da Rumo para assumir o comando da maior produtora de celulose de mercado do mundo, foi bem recebida. Mas chamou a atenção o fato de que, mesmo tendo nomes fortes dentro de casa, a escolha da Suzano tenha sido por um nome externo. Era grande a expectativa de que a sucessão acontecesse a partir da diretoria da própria companhia.
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Há 11 anos na presidência da Suzano, Walter Schalka já tinha indicado que estava se preparando para transmitir o cargo a um sucessor e dedicar-se mais a conselhos de administração.
De fato, Schalka seguirá como conselheiro da companhia e certamente será indicado ao colegiado de outras empresas. Mas as apostas eram a de que um anúncio nesse sentido viesse em algum momento após o início de operação da nova fábrica de celulose, em Ribas do Rio Pardo (MS), que coroa o maior ciclo de investimentos da história da Suzano.
Para Schalka, o momento do anúncio é adequado e Beto Abreu tem as competências certas para liderar a Suzano em um novo momento, de expressiva geração de caixa e início de um novo ciclo de crescimento, que pode levar a companhia, inclusive, a cruzar fronteiras e ter operações no exterior.
No mercado, a leitura é que o ex-CEO da Rumo tem, de fato, as capacidades necessárias para liderar uma empresa que mudou de patamar de operação, como a Suzano, e seguir acelerando investimentos. Foi assim na empresa de logística do grupo Cosan, lembrou uma fonte.
Vindo da Raízen, outra empresa do grupo, Abreu assumiu a Rumo pouco depois da compra da Ferrovia Norte-Sul e foi responsável pela implementação da estratégia de diversificação de cargas decorrente desse movimento. Também foi sob sua liderança que a Rumo renovou antecipadamente a concessão da Malha Paulista.
Apesar da surpresa com a escolha, não se espera uma guinada no plano estratégico da Suzano. O fato de Schalka seguir presente na companhia parece indicar que “continuidade”, termo usado pelo executivo ao se referir à transição de comando, também é o desejo do acionista de referência da companhia.
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