Metrô CPTM – A Linha 8-Diamante, operada pela ViaMobilidade, poderá voltar a ter trens de carga em circulação. O Grupo CCR estuda a possibilidade de obter receitas extras através de serviços logísticos.
A informação foi destacada por Miguel Setas, CEO do Grupo CCR, em entrevista concedida ao NeoFeed. Nela o dirigente aborda uma série de estratégias para alavancar as receitas do grupo.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Dentre os estudos, a CCR avalia a retomada do tráfego de trens de carga na Linha 8-Diamante em um plano de alavancagem de receitas de longo prazo.
A proposta do grupo é focar em cargas fracionadas com menor peso bruto e maior valor agregado, diferentemente do que a Fepasa e suas sucessoras faziam ao transportar grandes quantidades de produtos de baixo valor.
Setas ainda destaca Sorocaba como um polo de sinergia com o traçado da Linha 8-Diamante e apresenta uma espécie de proposta pioneira.
“Essa linha tem uma sinergia muito grande com o polo de Sorocaba e, portanto, o transporte de carga também pode ser um negócio complementar no futuro, num patamar mais pioneiro. Já fazemos isso em aeroportos e é algo que podemos vir a explorar também em mobilidade urbana”, afirmou o executivo.
A exploração dos trens de carga poderia ser feita como uma espécie de receita acessória, do mesmo modo como ocorreu com os serviços expressos para shows, desde que estes não interfiram na qualidade do serviço prestado.
Outra possibilidade, mais promissora, é a possível implantação do serviço Expresso Carga utilizando linhas de um futuro Trem Intercidades entre São Paulo e Sorocaba. A proposta foi apresentada no PAM-TL, plano logístico do estado.
As declarações apenas reafirmam as falas do diretor financeiro da CCR, Waldo Perez, em teleconferência realizada no ano de 2023. O grupo inclusive estaria montando uma nova diretoria especializada em negócios complementares para analisar este e outros potenciais serviços.
Financeiramente viável, operacionalmente desafiador
Apesar da proposta ter potencial é preciso ter bastante cautela. Geralmente os serviços de carga, pela sua característica, sempre tiveram um teor lucrativo. Durante muitos anos foi a carga que sustentou o serviço deficitário de passageiros.
Porém, para que a empreitada possa ser bem sucedida é preciso garantir, no mínimo, estruturas operacionais mais robustas em termos de confiabilidade e segurança, bem como uma preparação de estruturas logísticas.
A Linhas 8-Diamante tinha muita vocação para o transporte de carga, tendo em vista sua conexão com o interior do estado e suas dezenas de ramais industriais ao longo da área urbana.
Ao longo do tempo o modelo de “carga pesada” foi deixando de operar, sendo completamente inviável sua convivência com trens de passageiros.
Apesar disso, pensar em trens leves pode ser uma solução potencial para gerar sustentabilidade nos negócios e depender menos dos subsídios do governo. A proposta precisa ser bem calculada sob pena de apenas piorar o serviço existente.
Seja o primeiro a comentar