Folha de S. Paulo – Quanto custa uma locomotiva? E qual é o preço de vagões? Essas são algumas das perguntas invariavelmente feitas pelas pessoas interessadas no sistema ferroviário. A resposta é simples: depende.
Os preços, assim como ocorre com outros veículos, variam conforme potência, design, ano de fabricação e funcionalidade. Mas, para facilitar o cálculo inicial, é possível comprar uma locomotiva por R$ 43 mil. Ou por mais de US$ 3 milhões (R$ 16,98 milhões, ao câmbio desta quarta-feira).
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No primeiro caso, esse é o valor do lance mínimo de uma locomotiva fabricada há cerca de seis décadas que será leiloada pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
A companhia fará, na terça-feira (30), um leilão em que pretende arrecadar R$ 2,5 milhões e inclui num dos lotes uma locomotiva alemã LEW (Lokomotivbau Elektrotechnische Werke Hans Beimler) 7765, fabricada no final dos anos 1960 e que pesa 74 toneladas.
A locomotiva, que está disponível para visitação na Lapa, tem lance mínimo de R$ 43.861,81.
Também há 11 carros de passageiros listados no leilão, com lance mínimo no mesmo valor. O certame ainda terá trilhos, móveis antigos e sucatas (como dormentes inservíveis e fios de cobre) à disposição dos interessados, num total de 56 lotes.
Já o segundo exemplo, de US$ 3 milhões, se refere ao preço médio de uma locomotiva nova, com 4.400 HP de potência. O valor muda dependendo principalmente da potência da máquina, segundo Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).
Se o interessado —normalmente associações de preservação— conseguir comprar a locomotiva pelo preço mínimo do leilão da CPTM, porém, não significa que ela poderá ser utilizada de imediato em roteiros turísticos espalhados pelo país.
Normalmente é preciso reformar a máquina e adaptá-la para uso em outros locais. No caso de trens mais antigos, como uma maria-fumaça, dependendo do estado o restauro pode custar até R$ 3 milhões, segundo a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Um outro perfil de comprador é o de fãs, que adquirem para expor em locais privados, ou prefeituras.
É o segundo leilão feito pela CPTM neste ano. No primeiro, em maio, a companhia arrecadou R$ 6,31 milhões com a venda de trilhos e sucatas (cobre, bronze e ferro). O edital com todos os lotes está no site da CPTM.
Segundo a CPTM, que atua em 196 quilômetros de vias férreas, leilões do tipo são importantes para o caixa da companhia, já que o valor arrecadado será usado em melhorias no sistema.
A locomotiva que será leiloada é semelhante à 7770, que foi doada em novembro do ano passado ao IMF (Instituto de Preservação Ferroviária), de Rio Claro, no interior paulista.
A 7770 será utilizada num futuro trem turístico no município. Ela deixou a capital em 14 de novembro num comboio que teve como objetivo levar até Araraquara (a 273 km de São Paulo) uma locomotiva diesel-elétrica que comandou o Trem de Natal.
A locomotiva 7770 pertenceu no passado à Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Produzida pela LEW na Alemanha em 1967, ela usou a numeração 770 na Paulista e, quando foi incorporada ao patrimônio da Fepasa, em 1971, passou a usar o número 7770.
Com o fim da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.) na década de 1990, ela acabou transferida em 1997 para a CPTM e foi utilizada até quatro anos atrás.
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