Valor Econômico – Dona de 12,9% da Usiminas, a CSN reiterou nesta terça-feira (13) que vai cumprir a determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e mais recentemente da Justiça, de reduzir sua posição na concorrente. A companhia, contudo, segue sem indicar prazo para esse movimento, definido em processo que corre sob sigilo.
“A venda das ações ainda está dentro do prazo determinado pela Justiça. A CSN está observando o momento ideal para fazer essa monetização e debatendo, internamente e com as autoridades, a melhor forma de fazer isso”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Marco Rabello, a analistas.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
O Cade determinou em 2014 que a CSN reduzisse sua participação na Usiminas, para menos de 5%. Desde então, o prazo para a operação foi revisto duas vezes, a última delas em 2022. Há menos de um mês, a Justiça voltou a ordenar a venda das ações e a Usiminas indicou que a CSN descumpriu o prazo legal.
O momento não é o melhor para esse tipo de operação, já que as ações da Usiminas acumulam baixa de mais de 30% no ano. Mas o desinvestimento ajudaria a CSN a reduzir a alavancagem financeira em um momento de investimentos elevados. O interesse em comprar ativos da InterCement tem esbarrado justamente nesse ponto, enquanto a CSN busca alternativas para reduzir seu endividamento.
Em tratativas para trazer um parceiro para o segmento de energia, a companhia de Benjamin Steinbruch também negocia a venda de uma fatia minoritária da mineração. As enchentes no Rio Grande do Sul – a CSN é dona da geradora gaúcha CEEE-G – e a volatilidade dos preços do minério de ferro acabaram alongando as conversas, mas a ambição é fechar negócio ainda em 2024.
Além do compromisso de desalavancagem, outro grande desafio é a internacionalização dos negócios, conforme Steinbruch. “Internacionalização é nosso desafio maior, comprar ativos fora do Brasil. Estamos trabalhando fortemente nisso”, disse o CEO e presidente do conselho de administração. Interessam à CSN, sobretudo, ativos em siderurgia nos Estados Unidos e na Europa.
Conforme o empresário, especificamente no negócio de aço, ainda haverá alguns trimestres de esforços para redução de custos e modernização, embora os resultados já tenham começado a aparecer. “Esse foi o primeiro trimestre depois de muitos em que esboçamos uma reação [na siderurgia]”, disse Steinbruch.
Na mineração, os avanços são mais notáveis. “Estamos trabalhando com perspectivas boas de futuro. Estamos numa crescente e vamos continuar assim”, afirmou. No cimento, a produção já chegou perto da capacidade nominal, com redução de custos, e o desafio é “produzir a pleno”. Steinbruch destacou ainda a contribuição crescente que o negócio de logística tem trazido ao resultado. “Estamos certos que infraestrutura e logística vão valer muito no Brasil em breve”.
Os resultados da CSN no segundo trimestre vieram acima do esperado, em particular na mineração. A receita líquida subiu 12% ante o primeiro trimestre, para R$ 10,9 bilhões, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado saltou 35%, a R$ 2,6 bilhões. Na última linha do balanço, a companhia teve prejuízo de R$ 222,6 milhões, refletindo o impacto negativo do câmbio na dívida em moeda estrangeira.
Seja o primeiro a comentar