UOL – Dez anos depois do ano em que seria inaugurada a linha ouro, São Paulo recebeu o primeiro trem que vai conectar o Aeroporto de Congonhas à estação ferroviária Morumbi. O modelo é considerado antiquado antes mesmo de iniciar operação e já passou por cinco governadores paulistas — agora, Tarcísio de Freitas (Republicanos) promete início da operação para 2026, mas só uma estação está pronta.
O que aconteceu
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Trem chegou “atrasado” na manhã deste domingo (8). Após rompimentos de contratos, o monotrilho fabricado pela chinesa BYD chegou ao Brasil no sábado (7). Ele foi transportado para a capital por Santos até o Pátio da Água Espraiada, na região da Avenida Jornalista Roberto Marinho.
O veículo tem 3,2 metros de largura e capacidade para 616 passageiros. Cada composição do monotrilho é formada por cinco carros. Os das extremidades contam com 21 assentos cada, enquanto os intermediários têm 24 assentos cada, totalizando 114 assentos.
Com o passar do tempo, monotrilho se tornou obsoleto. Em 2014, o modelo era considerado inovador e barato, mas com o tempo, problemas apareceram, tornando o modelo raro no mundo. Trepidações, choques entre veículos e excesso de peso são problemas comuns na linha 15, prata, por exemplo, que também utiliza o modelo monotrilho, em São Paulo.
“Retomamos essas obras, que se prolongavam há 12 anos, porque tirar ideias do papel e dar continuidade a ações estagnadas são bases importantes de nosso governo.”
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
Relembre os dez anos de obra
Nesses mais de dez anos, mais de R$ 2,4 bilhões foram gastos para tirar monotrilho do papel. A linha ouro começou a ser construída em 2010 e, seria inicialmente entregue em 2013, mas foi adiada para 2014 — ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo.
Cinco governadores já assumiram o problema. Contrato foi assinado quando Geraldo Alckmin, hoje no PSB, ainda era um governador tucano, em 2010. De lá para cá, Márcio França (PSB), João Dória (PSDB), Rodrigo Garcia (PSDB) e, agora, Tarcísio de Freitas (Republicanos) lidam com o “problema”.
Antes de contrato assinado por Dória com a chinesa BYD, trens seriam fabricados na Malásia. Contudo, a Scomi, que seria responsável pela fabricação do monotrilho, decretou falência.
Após Scomi, construtoras também saíram do projeto, atrasando ainda mais a obra. Em 2019, problemas envolvendo as construtoras Andrade Gutierrez e CR Almeida, responsáveis pela obra, e o Governo de São Paulo levaram ao rompimento do contrato com o consórcio CMI (Consórcio Monotrilho Integração) – que previa a implantação das vias aéreas, o fornecimento dos trens e o sistema de sinalização da linha.
Um segundo consórcio assumiu em 2021 e também não entregou a obra. O consórcio Monotrilho Ouro, formado pelas construtoras Coesa e Kpe – envolvidas nas investigações da operação Lava Jato — paralisou as obras. Em 2023, Tarcísio rompeu unilateralmente o contrato do Governo de SP com o segundo consórcio.
Após o rompimento com o segundo consórcio, o governo contratou a Agis, construtora que havia participado da mesma licitação. A assessoria de comunicação do Metrô informou que está fiscalizando a obra — com o pátio já pronto não foi necessário alugar um espaço para guardar os trens que chegaram.
Das oito estações que a empresa assumiu, uma já foi construída — a Morumbi, que tem baldeação com a Linha 9 -Esmeralda. Segundo o Metrô de São Paulo, aproximadamente 80% da obra de construção civil já está concluída. A previsão para o início da operação ficou para 2026, ainda sem data definida — a Via Mobilidade será a responsável pela operação.
Seja o primeiro a comentar