Metrô CPTM – O governo está avançando com o estudo de novas rotas de trens intercidades ligando São Paulo às principais cidades do estado. Dentre as rotas mais promissoras está o TIC Santos.
Em apresentações recentes o governo fez um detalhamento com várias alternativas de traçado. O site se debruçou em cima das alternativas e traz uma perspectiva de cada rota estuda para o TIC Santos
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Rota Cremalheira
A primeira rota do TIC Santos é bastante conhecida pelo público. O traçado inicial consiste do aproveitamento total do eixo ferroviário existente entre o planalto e a baixada santista passando pelo sistema cremalheira-aderência da MRS.
A estação inicial ainda não está definida, mas as prospecções apontam São Carlos ou Tamanduateí como principais candidatas.
O traçado no planalto segue a faixa de domínio existente da Linha 10-Turquesa, sendo necessário adequar estações e vias para a passagem do trem expresso. Algumas destas mudanças estão previstas no aditivo da MRS Logística.
O trecho crítico é a descida da Serra do Mar. Trens comuns não podem trafegar neste trecho dada a elevada declividade, o que tornaria a viagem perigosa e impraticável.
A alternativa é a utilização de locomotivas com cremalheira. Este tipo de trem utiliza rodas dentadas acopladas em um engrenagem central no meio dos trilhos que “prende” a composição ao longo da subida/descida.
O trecho entre Paranapiacaba e Raiz da Serra é bastante solicitado pela MRS, sendo inviável o compartilhamento das vias. Neste caso pode ser necessária a duplicação do sistema existente. A utilização do trecho “funicular serra nova” é desafiador dado o tombamento histórico do sistema implantado pelo ingleses em 1901
Chegando à Baixada Santista o trem compartilha vias com a MRS passando por Cubatão e chegando na Estação Santos (Valongo).
O desafio desta rota é a criação de um novo trecho na serra do mar, o que demandaria estudos ambientais de grandes proporções. A solução é cara e tem impacto operacional com a troca de trens em determinados trechos, gerando pontos de parada em Paranapiacaba e Raiz da Serra.
Das opções existentes, foi a que mais teve estudos. Cabe lembrar que desde a fundação da ferrovia em 1867 este trecho foi usado para o eixo São Paulo-Santos.
Rota Pinheiros
Esta rota, também histórica, utilizará o leito da Linha 9-Esmeralda, descida da Serra em simples aderência e trechos ferroviários desativados.
A estação proposta para o TIC seria Pinheiros, que faz conexão com a Linha 4-Amarela. O local está na fronteira do centro expandido, se tornando um ponto importante dentro do contexto econômico do município.
Um dos desafios deste trecho é o compartilhamento da faixa de domínio com os trens da Linha 9-Esmeralda. Alguns trechos possuem obras de arte como pontes e viadutos, rodoviários e ferroviários que precisarão ser adaptados.
O trecho até a Estação Varginha faz parte do território da CPTM. Após esta estação o trecho pertence a concessionária Rumo Logística que abandonou o trecho. O trem deverá passar por áreas socialmente vulneráveis e com o mesmo nível de restrição ambiental imposto pela serra do mar.
A partir de Evangelista de Souza, final original na Linha 9-Esmeralda, o trem segue em faixa compartilhada com a Rumo Logística. Cabe ressaltar a presença de túneis com quase 90 anos de construção estão presentes no trecho, possibilitando a passagem de duas vias apenas.
Poucos quilômetros da descida da Serra do Mar, feita por simples aderência, ocorre a parte mais desafiadora do projeto: Uma nova ligação ferroviária que virá ao oeste de Cubatão e segue descendo a serra para Mongaguá utilizando o vale do Rio Itanhaém.
Já na área de baixada, o traçado segue até a região da ferrovia Santos-Cajati. O trecho foi abandonado pela ALL, atual Rumo Logística, e não possui condições de tráfego, sendo necessária sua reconstrução completa. A faixa de domínio ainda existe.
O traçado segue por vários quilômetros no sentido São Vicente. Neste trecho existem duas alternativas de traçado, que serão detalhadas em tópicos adiante. O primeiro traçado segue pelo trecho de carga ativo da Rumo e se encontra com a MRS em Cubatão. O destino final é a Estação Santos (Valongo) O segundo traçado segue por Samaritá e tem como destino a Estação Santos (Praia).
Rota Imigrantes
A rota do TIC Santos utilizando a Rodovia dos Imigrantes também pode ser considerada como uma solução em potencial. Ela teria como ponto de partida a Estação Santos Imigrantes da Linha 2-Verde.
O traçado segue o eixo viário composto pelas Avenidas Dr. Ricardo Jafet, Prof. Abraão de Moraes e Rodovia dos Imigrantes. A ideia é utilizar a faixa de servidão existente nestes trechos para a implantação da nova rota ferroviária.
Pouco antes da divisa entre São Paulo e São Vicente a rota do trem seria alterada para a o sentido oeste. A partir daí o TIC desceria pela Serra do Mar cruzando com a ferrovia Mairinque-Santos, seguindo o vale do Rio Itanhaém.
O trecho segue a mesma diretriz da Rota Pinheiros atravessando Mongaguá, passando por Praia Grande e a partir de São Vicente poderia chegar até Valongo ou até a Praia, ambas em Santos.
Alternativas de traçado
As rotas Pinheiros e Imigrantes possuem em comum traçados ferroviários novos para garantir a chegada até a Baixada Santista. Um destes trechos, destacado em roxo no mapa, parte da ferrovia Mairinque Santos (Concessão Rumo) até Mongaguá.
Pelas projeções apresentadas pelo governo percebe-se a opção por se utilizar como rota os vales de rio, neste caso o Vale do Rio Itanhaém. Na rota de trens de carga histórica foi feito o traçado considerando-se o vale do Rio Cubatão.
Esse desvio para oeste pode não ser um traçado aparentemente favorável por seguir em direção oposta ao destino final (Santos). Mas, por questões topográficas e técnicas esta diretriz é a que apresenta condições de tráfego mais satisfatórias.
Cabe citar também que este traçado pode apresentar condições técnicas adversas por se tratar de área de floresta totalmente preservada. Os processos ambientais com as obras nesta diretriz deverão ser amplamente estudados para minimizar os impactos ambientais.
A chegada ao município de Mongaguá e o entroncamento com a Santos-Cajati será realizada em área com poucas habitações, minimizando desapropriações. A partir deste ponto, como já referido, serão necessárias desapropriações.
Chegando em São Vicente o traçado se subdivide. As opções que o governo considera são as diretrizes Samaritá e Paratinga.
A diretriz Samaritá deverá utilizar o eixo original da Santos-Cajati. A ferrovia na parte continental da cidade não é utilizada e deverá ser completamente restaurada. Cabe ressaltar que nesta mesma diretriz deverá ser prevista a construção do VLT da Baixada Santista (Trecho 3).
Dentro deste contexto as obras do VLT podem “adiantar” parte do traçado do TIC. O trem seguiria para a área continental, possivelmente desapropriando avenidas ou em trecho elevado, até chegar na ponta da Praia próximo a divisa entre Santos e São Vicente, área conurbada.
Na diretriz Paratinga será utilizado a área que pertence à Rumo Logística. A ferrovia foi construída posteriormente e serve como contorno ao trecho urbano de Santos e São Vicente, minimizando os impactos às cidades.
O traçado passa por regiões de alta vulnerabilidade social, sendo necessário tratamento adequado das comunidades afetadas, bem como projetos que visem a segurança patrimonial do TIC. Na região foram registrados diversos roubos a trens de carga.
A linha férrea se encontra com as vias da MRS em Cubatão, por onde seguem em direção ao porto que fica próxima a antiga estação ferroviária de Santos.
Conclusão
Pensar em uma rota barata e fácil para Santos é algo que não existe. O custo técnico-financeiro deste tipo de obra é gigante independente da opção escolhida.
Pensando em minimizar impactos para as pessoas, a rota cremalheira é potencialmente mais interessante, pois usa o leito ferroviário existente. Se pensar em velocidade, possivelmente a rota pela rodovia dos imigrantes é a melhor, pelos grandes trajetos em linha reta. Em termos de acessibilidade em áreas economicamente ativas, o traçado pelo Rio Pinheiros é melhor, pois se integra com uma das linhas mais importantes de São Paulo.
A rota final do TIC deverá ser decidida por uma série de fatores. Não existe melhor ou pior opção, mas uma combinação que deve se adequar a realidade de um serviço que seja competitivo ao modal rodoviário.
Fonte: https://www.metrocptm.com.br/trem-intercidades-para-santos-podera-ter-estacao-terminal-na-praia/
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