Valor Econômico – A Vports (ex-Codesa), autoridade portuária do Espírito Santo, concluiu a recuperação da linha ferroviária que liga o Porto de Vitória à malha nacional da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), da VLI. Com isso, a empresa busca viabilizar uma nova operação de grãos no complexo portuário, segundo o presidente da companhia docas, Gustavo Serrão.
“A ligação com a ferrovia é um marco. É a conexão do porto com o Centro-Oeste. Vejo grandes oportunidades para aproveitar a vocação do porto”, diz ele. “O porto estava sem ligação com a ferrovia, não se chegava trem aqui. Chegava caminhão. Hoje já tem trilhos e dormentes que estamos entregando, uma pera ferroviária. Está entregue.”
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O executivo explica que com a conclusão das obras, de cerca de R$ 20 milhões, já é possível a movimentação ferroviária no complexo portuário e há uma expectativa de que em breve o modal passe a ser usado. Porém, a principal previsão é que a estrutura impulsione novos investimentos em uma operação voltada a grãos e fertilizantes.
“Amanhã se tiver necessidade podemos já utilizar. Já é realidade e provavelmente vai ser usada na próxima safra. Em alguns momentos o sistema precisa de mais rotas de escoamento. Nesse próximo ano a gente já vai ser alternativa, no momento em que o porto estiver cheio. Mas a linha viabiliza projetos futuros. Para transformar isso em escala, precisa de investimentos adicionais em vagões, eventualmente locomotivas”, afirma Serrão.
Neste momento, a Vports já está em conversas com a operadora ferroviária e potenciais clientes do porto para viabilizar esses investimentos adicionais, segundo ele. Uma dificuldade é que, com a renovação antecipada da FCA ainda em aberto, a VLI dificilmente faria investimentos de longo prazo na via. Porém, o executivo diz que estão se buscando alternativas para que as obras sejam viabilizadas.
Além da recuperação na linha, a Vports também já investiu R$ 50 milhões para a instalação de silos horizontais, para recepção do granel, e com isso mais do que dobrou a capacidade do porto para armazenagem, diz ele.
A Vports, controlada pela Quadra Capital, é fruto da privatização da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), firmada em setembro de 2022. Desde que o grupo assumiu a gestão do complexo portuário, foram investidos R$ 150 milhões diretamente pela autoridade portuária, e outros R$ 100 milhões pelos operadores dos terminais.
Uma das principais alavancas do empreendimento é o desenvolvimento “greenfield”, ou seja, desde o zero, de áreas hoje livres em Barra do Riacho. “Estamos trabalhando na vocação dessa área. Ainda tem várias discussões, aplicação de ‘offshore’, de geração térmica, são pontos que a gente vem discutindo, as alternativas e oportunidades”, afirma Serrão. Segundo ele, o desenvolvimento de novos projetos no local está em regime de confidencialidade.
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