Lançado no final de maio pelo governo do estado, o programa São Paulo nos Trilhos tem mais de 40 propostas de projetos metroferroviários, incluindo expansão de linhas de metrô, trens metropolitanos, VLTs e trens intercidades. O encarregado de buscar interessados em dividir os custos desse futuro ferroviário em São Paulo é Rafael Benini, secretário de Parcerias em Investimentos do Estado, que tem outra (árdua) tarefa: a de não deixar que o programa se torne um celeiro de projetos no papel.
Dos projetos incluídos no SP nos Trilhos, nove foram qualificados pela Secretaria de Parcerias em Investimentos – o que garante prioridade nos estudos e passos à frente no cronograma de leilões. Um já foi concluído e concessionado através de Parceria Público-Privada (PPP) ao Grupo Comporte e a chinesa CRRC, que é o TIC São Paulo a Campinas. Os outros oito são: os TICs Eixo Oeste (São Paulo-Sorocaba), Eixo Leste (São Paulo-São José dos Campos) e Eixo Sul (São Paulo/Santos); as linhas 10 e 14 (ABC Leste), e 11, 12 e 13 (Alto Tietê) de trens urbanos, as linhas 19 e 20 de metrô e os VLTs de Campinas e Sorocaba.
“A ideia do SP nos Trilhos justamente é fazer projetos para o futuro, a gente ter capacidade de gerar projetos já pensando no médio e longo prazo. Temos uma carteira para os próximos três, quatro anos, mas não podemos parar por aí. E projetos de mobilidade urbana, metroferroviários, são de longo prazo. E dependem de muitas coisas”, disse Benini no Pod nos Trilhos, o videocast da Revista Ferroviária, gravado no final de julho e atualmente disponível nos canais da RF no YouTube, Spotify e Apple. O episódio teve apoio da Comexport.
Dos projetos já qualificados, a concessão das linhas 11, 12 e 13 dos trens metropolitanos é a mais avançada. Acabou de passar por consultas públicas e deverá ter a minuta do edital alterada com algumas sugestões de investidores. Uma delas é o volume de aporte público, até o momento fixado em 50% do valor da PPP, hoje avaliada em R$ 12,6 bilhões. Assim como no TIC Campinas, os interessados pediram revisão dessa porcentagem para cima.
Benini prometeu avaliar e, em paralelo, disse que o governo está em busca das garantias para os projetos que pretende colocar em prática nesse mandato, que termina em 2026. Recentemente, fechou um modelo de financiamento de US$ 100 milhões com o Banco Mundial, que deve ser usado como garantia pública na concessão das linhas 11,12 e 13. O secretário afirmou também que o BNDES tem sido um “parceiraço”. Benini sabe que reunir diferentes investidores para tantos projetos é uma missão difícil. Mas não é só isso. No primeiro semestre desse ano, foi com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à Europa para conversar com possíveis operadores ferroviários para os projetos de São Paulo. “No Brasil hoje temos de operador ferroviário a Comporte, a CCR e só. Temos ótimas construtoras reconhecidas no mundo por fazer essas construções, mas operadores são poucos. Fomos buscar essas informações e conseguimos engajar muito desses players”, pontuou, acrescentando que a ideia é fazer de dois a três leilões por ano até 2026. “Achamos que o mercado hoje tem capacidade de absorver dois, no máximo três projetos por ano. Não adianta trabalharmos mais do que isso, porque não vai ter interessado”.
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