O Globo – Os moradores de Santa Teresa cobraram, na última sexta-feira, a entrega das obras de revitalização do sistema de bondes da região. Uma parte do ramal Paula Mattos, trecho que faz o trajeto entre o Largo dos Guimarães e o Posto de Saúde Ernani Agrícola, foi finalizado em agosto deste ano. No entanto, os outros pontos que estavam para serem entregues neste mês permanecem em andamento. Procurada pelo O GLOBO, a secretaria estadual de Transporte e Mobilidade Urbana afirmou que o prazo precisou ser estendido devido ao G20.
A população que mora na Rua do Oriente, onde as obras estão concentradas, demonstra estar preocupada com o atraso. A Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (AMAST) pontua que o bairro já espera há mais de dez anos pelas obras.
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O ramal Paula Mattos é a principal reivindicação desde o acidente que vitimou seis pessoas, em 2011. A AMAST ressalta os transtornos vividos pelos moradores atualmente.
— Essa é uma luta de muito tempo. Houve esse adiamento, mas o problema é se acontecerem vários outros. Ficar nessa expectativa é muito ruim porque adiaram esse prazo, mas será que vão adiar o segundo também? É verdade que houve um atraso com relação à chegada dos trilhos, só que não entendemos muito bem como é que não havia uma projeção com relação à troca. A ansiedade é nesse sentido, de que a obra seja adiada mais vezes. Isso vai gerar uma insatisfação muito grande por parte dos moradores, que têm colaborado na medida do possível — diz Orlando Lemos, diretor de comunicação da AMAST.
Ainda de acordo com Lemos, o trânsito na região está sendo afetado com as interdições que estão sendo realizadas:
— A boa vontade dos moradores existe porque o transporte contempla 10 mil pessoas naquela região do Paula Mattos. É uma luta de 13 anos que agora vai se concretizando. Porém, de qualquer forma isso gera transtornos, principalmente com relação ao trânsito muito difícil e a má vontade da Transurb em determinadas situações de horário de ônibus que já são caóticos.
Para a administradora Helena Rios, de 42 anos, o transporte é fundamental para o bairro e, ultimamente, tem sido focado somente em solucionar as questões dos turistas que vêm ao Rio. A moradora pontua que os transportes públicos costumam estar lotados e se tornam praticamente inviáveis durante a semana.
— Temos um péssimo atendimento de transportes, pois os ônibus vivem lotados. O bondinho é a forma mais rápida de se deslocar e o trânsito só tem aumentado por aqui, o que dificulta até andar a pé. Essa é uma questão de real necessidade pública. O bondinho não está aqui só para os turistas passearem — aponta.
Enquanto isso, Davi Pereira, de 58 anos, reforça que as necessidades da população da região teriam sido ignoradas por muito tempo:
— Olha, são muitos anos que prometem o mesmo. Agora realmente estão fazendo, só que sempre fica aquele sentimento de apreensão porque vai que alguma coisa dá errado e eles resolvem dar um passo para trás.
Com um investimento de aproximadamente R$ 70 milhões, as obras, que começaram em janeiro, visam à modernização do sistema, incluindo a troca de mil metros da via permanente e da rede aérea. O objetivo é oferecer mais segurança e comodidade aos passageiros, que vão usar os ramais Paula Mattos e Silvestre — previsto apenas para 2025.
Em nota, a secretaria estadual de Transporte e Mobilidade Urbana esclareceu que o cronograma das obras foi modificado em função do G20, devido à necessidade de interdição de vias do bairro. A pasta informou que as revitalizações seguem transcorrendo no ramal Paula Mattos, faltando menos de 300 metros para a instalação dos novos trilhos. Ao todo, a secretaria conta que mais de 1400 metros da via permanente e da rede aérea foram renovados. A previsão é que as intervenções no ramal sejam finalizadas até dezembro.
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