Valor Econômico – A lista de candidatos da Vale para o novo conselho de administração da mineradora, a ser eleito em Assembleia Geral Ordinária (AGO) em 30 de abril, divulgada na noite de segunda-feira (24), confirmou a saída e a respectiva substituição de mais três conselheiros independentes.
O australiano Douglas Upton, o executivo Luis Henrique Guimarães, ligado à Cosan, de Rubens Ometto, e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung vão deixar o colegiado. Para suas cadeiras, entram nomes com experiência nos setores de mineração e óleo e gás. Desde 2024, cinco dos oito conselheiros considerados independentes da Vale, ou 62% do total, pediram para sair.
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Fontes próximas à empresa dizem que todas as saídas foram motivadas por decisões pessoais e negam que evidenciem discordância sobre os rumos da companhia. No ano passado, a Vale passou por uma conturbada troca de presidente, processo marcado por pressões do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a empresa. Lula tentou fazer o ex-ministro Guido Mantega como CEO, mas acabou desistindo.
Gustavo Pimenta, atual CEO e então vice-presidente financeiro da mineradora, acabou sendo escolhido como presidente no lugar de Eduardo Bartolomeo. Desde então, a Vale se aproximou mais do governo, com medidas de interesse do Planalto como o pagamento antecipado de R$ 4 bilhões, em dezembro, para renovar concessões ferroviárias, tema estratégico para a companhia. Este mês, Lula esteve em Carajás, no Pará, onde estão as principais reservas da empresa, para o anúncio de investimentos.
Em meio à sucessão do CEO, uma saída marcante em março de 2024 foi a do conselheiro independente José Luciano Duarte Penido, que renunciou ao colegiado com duras críticas ao processo de troca do presidente. Penido acabou se retratando publicamente e, nos bastidores, sofreu ameaças de processo. Na sequência, em julho, a também independente Vera Marie Inkster decidiu deixar o cargo. Ambos foram substituídos por outros dois independentes: Heloísa Bedicks e Reinaldo Castanheira Filho.
Agora, os executivos indicados para substituir Upton, Guimarães e Hartung são: Anelise Quintão Lara, da área de óleo e gás; o americano Franklin Lee Feder; e o holandês Wilfred Theodoor Bruijn, ambos com experiência em mineração. Feder fez carreira na Alcoa e Bruijn foi CEO da Anglo American Brasil e da Mineração Usiminas.
O colegiado a ser eleito em abril vai cumprir mandato de dois anos na Vale, entre 2025 e 2027. Foram 12 candidatos indicados pela empresa em uma chapa que precisará ser referendada pelos acionistas na AGO. Do total, oito são tidos como independentes e quatro não independentes, vinculados a acionistas de referência (Previ, Mitsui e Bradespar). O colegiado da Vale conta ainda com um representante dos empregados, o que eleva o número total do conselho para 13 pessoas.
Ainda não está claro se a chapa indicada pela empresa poderá enfrentar outros candidatos. Essa hipótese parece improvável, mas não pode ser descartada. Depende de que algum acionista com 1% do capital peça voto múltiplo, sistemática que desfaz a chapa e permite depositar votos individualmente nos candidatos. A Vale contou com consultores para fechar a lista de indicados ao colegiado.
O presidente do conselho de administração da Vale, Daniel Stieler, indicado para novo mandato, defendeu a seleção. “A escolha dos indicados para integrar o conselho de administração entre 2025 e 2027 foi realizada com base em uma matriz de competências, que leva em conta, entre outros fatores, o conhecimento e a trajetória executiva dos profissionais e sua experiência no setor de mineração. Lembro, também, que tivemos o apoio de uma renomada consultoria internacional no processo. Uma renovação parcial do conselho é natural e saudável para a companhia, que está em um novo momento. Temos importantes desafios para superar, que demandam harmonia e integração entre o conselho de administração e o comitê executivo em torno dos pilares de desenvolvimento definidos pelo CE: evolução cultural, portfólio flexível e relacionamento produtivo com diferentes públicos de interesse, de modo a fortalecer a nossa reputação e a percepção da Vale como uma parceira confiável.”
Além de Stieler, a empresa propôs a recondução de Marcelo Gasparino, Fernando Buso (Bradespar), João Fukunaga (Previ), Shunji Komai (Mitsui), Heloísa Bedicks, Manuel Oliveira, Rachel Maia e Reinaldo Castanheira Filho.
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