Às vésperas de pagar mais caro pelo metrô, passageiros apontam os problemas nas estações

Extra – A partir deste sábado, os passageiros do metrô pagarão mais pela passagem no Rio. A tarifa, que já era a mais cara do país, passará de R$ 7,50 para R$ 7,90. O aumento, de 5,33%, é previsto em contrato e foi autorizado pela Agetransp, agência reguladora de transportes. O cálculo para o reajuste tem como base a variação acumulada nos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A comparação com outros estados é bem desvantajosa para os consumidores cariocas. Em São Paulo, por exemplo, a tarifa custa R$ 5,20. Em Belo Horizonte e Brasília, R$ 5,50. Já em Porto Alegre, os passageiros pagam R$ 4,50 e no Recife, R$4,25. Ontem, durante a assinatura de documentos para destravar as obras da Estação Gávea, o diretor-presidente do metrô disse que a tarifa praticada no Rio dói mais no bolso dos usuários cariocas devido à política de subsídios.

— O metrô do Rio, embora tenha a tarifa mais cara cobrada dos passageiros, tem, na verdade, a tarifa regulatória a mais barata do Brasil. A diferença é que em todas as outras localidades do Brasil onde tem metrô há subsídio. Nas outras cidades brasileiras o subsídio é sempre maior do que 50%. Então, quando a gente vê, por exemplo, localidades em que a passagem custa R$ 5 ou os valores nessa ordem de grandeza, a tarifa, de verdade, custa mais do que R$ 10 — explicou Guilherme Ramalho.

As queixas de quem usa o metrô

Justificativas à parte, o aumento, obviamente, desagradou quem depende do transporte todos os dias e já considera que paga caro pelo serviço oferecido. Embora pontuais, as queixas variam da falta acessibilidade em algumas estações, principalmente na Linha 2, à lotação dos vagões nos horários de pico.

— Na hora do rush, a gente se espreme aqui dentro. Pagamos quase R$ 8 e não temos o mínimo de dignidade. Quando posso, evito esses horários, mas infelizmente, tem dias da semana que não tenho outra opção — relata a professora Heloísa Monteiro, moradora do Caxambi, na Zona Norte.

Na estação de Inhaúma, na terça-feira passada, o aposentado José Carvalho Marinho, de 72 anos, subiu com dificuldade, apoiado em sua bengala, o lance de escadas até a plataforma. Os elevadores estavam fora de serviço.

— Quando cheguei, às 8h30, falaram que os dois elevadores estavam funcionando, eu enfatizei que dependia desse serviço. Mas agora você está vendo a situação, o elevador não funciona e não tem nenhum funcionário para me ajudar — relata.

Na Cardeal Arcoverde, a diarista Débora Cezário, de 52 anos, que mora em São João de Meriti e trabalha no Leme, observa que as escadas rolantes da estação estão sempre em manutenção.

— É incrível, mas sempre que salto aqui, uma das escadas está interditada. Eu já conversei com outras pessoas sobre isso. É todo dia, mais rigoroso que missa no domingo. Uma está interditada, e outra é usada para subir. Mas uma pessoa de idade, ou muito pesada, não consegue descer, pois os degraus são grandes e acaba forçando muito o joelho — conta Débora.

Morador de Vista Alegre, na Zona Norte, há 12 anos, o paulista e assistente financeiro, Carlos Alexandre, compara a qualidade do serviço das duas cidades.

— O valor em São Paulo é R$ 5,20 e a qualidade do transporte é muito superior. Além de ser mais rápido, abrange uma área muito maior, aqui são só duas linhas e o serviço é péssimo. Além de ser lento e estar sempre lotado. Eu, como moro em Vista Alegre, preciso pegar um ônibus antes de chegar no metrô — reclama o jovem.

Procurado, o MetrôRio informou que “todas as estações possuem equipamentos de mobilidade e acessibilidade, como elevadores, plataformas verticais, plataformas inclinadas, escadas rolantes ou tapetes rolantes” e que todos os aparelhos citados estavam em operação na quinta-feira (leia a íntegra da nota enviada pela empresa no fim desta matéria).

Para quem conta com o benefício da tarifa social — pessoas entre 5 e 64 anos que ganham até R$ 3.205,20 por mês e têm um cartão Riocard Mais habilitado no Bilhete Único Intermunicipal (BUI) e vinculado ao próprio CPF, além de quem trabalha sem carteira assinada ou não possui renda — o valor continuará sendo de R$5. A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial do estado.

O aumento da passagem levou uma dezena de manifestantes a protestar durante a cerimônia de ontem na Gávea, com a presença do governador Cláudio Castro. Com cartazes que diziam que “R$7,90 é um esculacho”, o grupo cantava palavras de ordem.

Estudo realizado pelo TCE a partir de um questionamento do deputado estadual Professor Josemar (PSOL), pede, entre outras coisas, esclarecimentos à Agentransp sobre a mudança dos índices de reajuste da tarifa metroviária. O documento aponta que entre 2021 e 2022 foi usado o IGP-M que à época, apresentava percentuais bem maiores que o IPCA e que a partir de 2023, quando aquele índice despencou (chegando a ficar negativo no ano passado), o segundo índice passou a ser adotado. O tribunal deu trinta dias para que a Secretaria estadual de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) e a Agetransp se manifestem a respeito. O prazo expira no fim do mês.

Em nota enviada ao EXTRA, a Setram informou que ” em 2023, o Governo do Estado negociou com a concessionária Metrô Rio a adoção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais baixo do que o IGPM no período” e que “o IGP-M de 12 meses está em 8,44% e o IPCA, 5,06%, o que teria gerado um aumento maior para a população se fosse aplicada a regra proposta pelo TCE”. (Leia a íntegra da nota da Setram no fim desta matéria)

Nota do MetrôRio

O MetrôRio informa que todas as estações possuem equipamentos de mobilidade e acessibilidade, como elevadores, plataformas verticais, plataformas inclinadas, escadas rolantes ou tapetes rolantes, como determina o decreto Federal nº 5.296, que regulamenta as leis nº 10.048 e 10.098, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida no transporte público.

Atualmente, a disponibilidade dos equipamentos de acessibilidade no sistema metroviário é de 95%. Há manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos de acessibilidade, como escadas rolantes e elevadores, o que representa os outros 5%. É importante destacar que os profissionais que atuam nas estações são treinados para prestar atendimento adequado às pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida em qualquer situação.

Em média, após a abertura de um chamado técnico, o tempo para a conclusão do serviço pelas equipes de manutenção é de até 48 horas, sendo que, na maioria dos casos, os equipamentos voltam a funcionar no mesmo dia.

Sobre os aparelhos citados, todos estão em funcionamento nesta quinta-feira (10/03).

Nota da Setram

A Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) esclarece que o reajuste da tarifa do metrô obedece ao previsto no contrato de concessão. Entre 2022 e 2024, o Governo do Estado contribuiu com um desconto de R$ 0,30 para a redução da passagem. Diferente de subsídio, a medida foi tomada para mitigar o reajuste tarifário previsto na época, que teria correção pelo IGPM – que atingiu 28,94%.

Em 2023, o Governo do Estado negociou com a concessionária Metrô Rio a adoção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais baixo do que o IGPM no período. O IGP-M de 12 meses está em 8,44% e o IPCA, 5,06%, o que teria gerado um aumento maior para a população se fosse aplicada a regra proposta pelo TCE.

A Setram destaca, ainda, que o novo contrato do sistema metroviário, que está em fase final para assinatura, possibilitará ao Governo do Estado a redução do valor, com a criação da “Tarifa RJ.” O valor — que não será mais baseado na tarifa técnica — vai ser definido a partir de um estudo detalhado, levando em conta os cenários de toda a população da Região Metropolitana. A mudança será viabilizada com a adoção de uma nova forma de remuneração da concessionária.

Fonte: https://extra.globo.com/rio/noticia/2025/04/as-vesperas-de-pagar-mais-caro-pelo-metro-passageiros-apontam-os-problemas-nas-estacoes.ghtml

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