Valor Econômico – O vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Marcelo Bacci, afirmou, nesta sexta-feira (25), que a grande preocupação da empresa em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China é um agravamento que leve à queda do consumo global.
“Por enquanto, a demanda na China continua firme”, disse Bacci, em coletiva de imprensa sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre. Ele acrescentou que, por enquanto, não há indicação de redução de demanda no país asiático.
Bacci voltou a afirmar que os Estados Unidos não são relevantes no mercado global de minério de ferro, enquanto a China representa mais de 60% deste mercado. O executivo destacou que os Estados Unidos têm relevância na importação de níquel da produção da Vale no Canadá, mas frisou que o produto ficou fora da taxação do governo de Donald Trump, uma vez que os americanos não têm produção relevante de níquel.
Investidores estão “jogando na defesa”
Bacci acrescentou que, hoje, os investidores estão “jogando na defesa” devido às incertezas provocadas pela guerra comercial. Ele destacou que a demanda dos clientes da mineradora na China continua “firme” e que, caso o governo chinês anuncie estímulos para o consumo, o cenário pode ser interessante para a empresa.
“A eficiência fala muito alto. Estamos muito focados nisso e, diferentemente dos nossos competidores globais, estamos numa trajetória de queda de custos”, frisou o executivo, afirmando que, em um mercado mais difícil, é fundamental para a empresa sair mais forte ao fim da crise.
“Não existe, nesse momento, crescimento relevante de oferta nem de demanda”
Bacci disse que o preço da tonelada de minério de ferro segue oscilando em torno de US$ 100 e ponderou que, pela relação entre oferta e demanda, não tem como se distanciar muito desse patamar. “Não existe, nesse momento, crescimento relevante de oferta nem de demanda”, disse.
Segundo ele, caso haja redução do nível de atividade global, esse patamar de equilíbrio pode cair. “Não acreditamos no preço em US$ 85 [por tonelada]”, afirmou Bacci, explicando que um valor abaixo de US$ 100 por tonelada já tira parte expressiva da produção do mercado devido aos custos elevados.
Novo produto com teor intermediário de ferro
O vice-presidente disse ainda que a empresa desenvolve um produto com teor intermediário de ferro. Segundo ele, com a queda dos preços do aço, a margem dos clientes da Vale não está elevada e esses clientes buscam um “mix” (combinação) de qualidade mais baixa de matéria prima para tentar uma margem melhor no negócio.
“A vantagem da Vale é ter um portfólio flexível. Estão requerendo esse tipo de produto, oferecemos esse tipo de produto”, disse.
O diretor de relações com investidores da Vale, Thiago Lofiego, ressaltou que o novo produto deverá estar desenvolvido em 12 meses, será feito em Carajás e trará uma redução de custo de produção. “O novo produto é para atender a uma demanda atual do mercado”, disse Lofiego.
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