Época Negócios – O tempo de espera nos portos, ou seja, o período em que um navio fica na barra aguardando vaga para atracar, somado ao tempo necessário para carga e descarga, ainda é um desafio para as empresas brasileiras. Isso porque, se esse intervalo for muito longo, toda a logística pode sair muito cara.
Diante deste cenário, investir em tecnologia logística portuária é fundamental para modernizar o setor e aumentar a eficiência dos portos. Foi pensando nisso que a VLI, empresa especializada em soluções logísticas que opera ferrovias, portos e terminais, desenvolveu uma ferramenta que promete mais eficiência nas operações de carga e descarga dos navios: o Sistema de Planejamento de Embarque e Desembarque de Navios (Speed).
A tecnologia começou a ser usada gradativamente pelos portos próprios da VLI a partir de 2021, na Baixada Santista, no Maranhão e em Sergipe. O software utiliza cálculos navais e inteligência artificial para simular cenários operacionais e criar planos de desembarque ou embarque de cargas otimizados.
A ferramenta analisa a capacidade máxima operacional dos portos da companhia e os limites de estabilidade das embarcações, de forma a otimizar os recursos e respeitar os limites de estabilidade do navio, possibilitando o máximo de proveito de cada tipo de embarcação.
Com o uso do Speed, a companhia diz ter reduzido, em média, 50 horas mensais no tempo de operação em seus terminais, além de ter aumentado a capacidade de movimentação de carga. Em operações específicas, o sistema diminuiu a ociosidade de alguns equipamentos em até 62% durante o tempo de operação, ampliando a agilidade das operações.
Ainda segundo a empresa, a ferramenta gerou um aumento na taxa comercial em até 2%, um indicador de performance crucial que mede o volume médio carregado durante toda a estadia do navio no porto.
Planejamento das operações
Segundo Loïc Hamon, gerente-geral de Inovação & Digital da VLI, a necessidade da criação da ferramenta surgiu da observação de que o desembarque de cargas era feito seguindo apenas os planos dos capitães dos navios.
Antes do Speed, o plano de embarque e desembarque de navios tinha como foco exclusivo a estabilidade do navio, sem preocupação com o tempo necessário para a conclusão do embarque ou desembarque. Desta forma, o tempo de operação era diretamente comprometido.
“O capitão tinha a receita dele, que sempre funcionou no seu planejamento para descarregar ou carregar o seu navio em todos os portos. Só que essa abordagem resultava em operações prolongadas e ineficientes. O capitão não levava em consideração as características físicas dos portos onde estava, entre outros parâmetros relevantes”, afirma.
Segundo Hamon, o Speed permite um planejamento mais eficaz das operações pois oferece a possibilidade de simular cenários e aumentar a simultaneidade das operações de descarregadores de navios (DNs). “Os planos e simulações do Speed levam em conta a estabilidade do navio e outras variáveis operacionais para assegurar a segurança estrutural da embarcação”, acrescenta.
O curioso é que a ideia para a criação da ferramenta surgiu de um estagiário da companhia. A VLI conta com um programa de intraempreendedorismo que dá espaço para que os colaboradores contribuam com ideias de melhorias no dia a dia operacional.
A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a empresa Scala dentro do hub de Tecnologia, Inovação e Transformação Digital da VLI, espaço que concentra os seus esforços de inovação nas principais frentes de transformação do setor de logística.
Com o sucesso do Speed, o próximo investimento tecnológico da companhia deve focar na etapa de arqueação dos navios, processo de medição que calcula a quantidade de carga que o navio pode transportar e o seu peso.
Como atualmente essas medidas são feitas por pessoas em lanchas, o que demanda muito tempo, a VLI estuda a possibilidade de usar robôs, desenvolvidos em parceria com alguma startup brasileira.
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