Mato Grosso refugou financiamento para a construção de usinas de álcool. A razão? O empresariado sentiu que não seria viável apostar no setor sucroalcooleiro por duas fortes razões: a logística de transporte rouba a lucratividade e a indefinição do cenário ambiental desencoraja o investidor. Quem faz essas observações é um dos maiores empresários do agronegócio brasileiro, o deputado estadual Otaviano Pivetta (PDT).
Pivetta explica que o Brasil vive uma lua-de-mel com o álcool carburante e que desde o começo desse chamego, no ano passado, o empresariado nacional lançou as bases para a construção de 78 usinas, mas observa que “nenhuma delas será instalada em Mato Grosso”.
Pivetta entende que a distância de Mato Grosso aos grandes centros consumidores de álcool exige a construção do poliduto Cuiabá-Paranaguá. Para atender essa necessidade e ao agronegócio como um todo, também requer o avanço dos trilhos da Ferrovia Senador Vicente Vuolo (a antiga Ferronorte) – empacados em Alto Araguaia – para Rondonópolis e Cuiabá, a construção do Ramal Setentrional da Ferrovia Norte-Sul ligando o médio norte a Miracema de Tocantins e a ampliação e melhoria da rede rodoviária pavimentada permitiriam a operacionalização de dois multimodais: um norte-sul para o porto de Santos, e outro, leste-oeste para o porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão. Além disso, defende a polêmica tese da navegação comercial nas hidrovias mato-grossenses.
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O setor sucroalcooleiro tem peso econômico e apresenta bom resultado social em Mato Grosso, mas em razão da logística de transporte e da incerteza da legislação ambiental deverá se manter estagnado, ao contrário do que acontecerá com outras regiões que viverão um novo ciclo desenvolvimentista. “Isso (o amordaçamento) é inaceitável porque temos solo apropriado, regularidade climática, mão-de-obra disponível, capacidade de gerenciamento e o mercado mundial está aberto para ser conquistado”, observa Pivetta.
ETANOL – Mato Grosso tem 10 usinas de álcool – algumas também produzem açúcar cristal – nos municípios de Jaciara (duas), Barra do Bugres, Nova Olímpia, Campo Novo do Parecis, São José do Rio Claro, Lambari D’Oeste/Mirassol D’Oeste, Poconé, Confresa e Campos de Júlio.
No ano passado, as usinas mato-grossenses produziram 680 milhões de litros de álcool, com o anidro respondendo por cerca de 65% dessa produção. O funcionamento dessas indústrias foi garantido pelo cultivo de 189,5 mil hectares de cana-de-açúcar. O corte da cana – que também se destina ao açúcar – se estende de abril ao final de novembro e gera mais de 25 mil empregos sazonais.
A produção mato-grossense é suficiente para o mercado doméstico do álcool hidratado, mas não há perspectiva de aumento significativo de seu consumo. O álcool anidro é misturado à gasolina.
Se a expansão da atividade sucroalcooleira mato-grossense tivesse indicativos de lucratividade, o empresariado investiria pesado no setor. Porém, o momento recomenda prudência mesmo com as porteiras mundiais abertas à exportação. Em 2006 o Brasil produziu 17,8 bilhões de litros de álcool, exportou 1,7 bilhão de litros sobre o pomposo rótulo de etanol para os Estados Unidos, 346 milhões para os Países Baixos, 225 milhões para o Japão e 871 milhões para outros países.
Combustível não-poluente, recentemente o álcool – etanol para os gringos – trouxe o presidente George Bush ao Brasil, em busca de acordo bilateral com o colega Lula da Silva. O etanol dos Estados Unidos é feito com o milho, que é o cereal-base da alimentação dos norte-americanos. Daí, Bush está de olho no nosso álcool. Só que o incremento da exportação brasileira esbarra na sobretaxa de US$ 0,14 por litro cobrada por Washington.
Ainda que a sobretaxa norte-americana segure a invasão do etanol verde e amarelo, o velho e bom álcool poderá chegar aos tanques dos automóveis espalhados por outros países mundo afora com o Brasil à frente de uma espécie d
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