No interior de Minas, o apito dos trens de passageiros e o vaivém nas estações ainda estão vivos na memória do povo. Nas décadas de 1920, 1930 e até bem recente, 15 anos atrás, quando o barulho das máquinas anunciava a chegada da locomotiva à estação, o rebuliço era grande. Todo mundo corria. Fosse para ver a chegada de algum parente que voltava de uma longa jornada de trabalho, fosse para vender biscoito, doces, cafezinho ou frutas, comércio feito geralmente por mulheres e crianças.
“Tenho muita saudade dos tempos em que a estação de trem de passageiros funcionava. O trem era o meio de transporte do pobre”, recorda-se Expedito Antônio dos Santos, morador da pequena Quem-Quem, distrito de Janaúba, Norte do estado. A antiga paragem de vagões e locomotivas está tomada pelo mato, mas a lembrança do trem que carregava passageiros por toda Minas é guardada com carinho na memória dos moradores. O comerciante Argentino Ferreira dos Santos, de 52 anos, que trabalhava num armazém nos arredores da estação, acha que falta empenho dos políticos para manter o transporte. “Eles tinham que ter brigado para não deixar o trem parar. Se o governo quiser, tem volta”, diz, esperançoso.
Quase dez anos depois do processo de privatização da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), empresa que passa por processo de liqüidação, o Estado de Minas percorreu localidades margeadas pela linha férrea, constatando que, além do desalento deixado na vida das pessoas, a saída da RFFSA de cena deixou vagões e estações abandonados à própria sorte. Um patrimônio que se perde a cada dia e enterra momentos únicos que contribuíram para o desenvolvimento do país.
Por enquanto, a luz no fim do túnel não passa de uma promessa de elaboração de proposta para inventariar os bens culturais, conforme ficou acertado entre representantes da Rede e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na semana passada.
Em Corinto, região Central de Minas, a 205 quilômetros da capital, a antiga ferramentaria da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde eram feitos reparos dos trens, foi saqueada. O maquinário desapareceu, peças foram vendidas para ferro-velho e de sua construção resta pouca coisa. “Chego a arrepiar quando vejo essa situação”, revela o ferroviário aposentado Manoel Luiz Siqueira, de 75, que está reunindo informações da ferrovia em Corinto, desde os idos de 1923, ano da chegada da estrada de ferro, até 1994, quando começou o abandono do patrimônio. Ele coleciona fotos e documentos dos mais de 70 anos em que Corinto viveu em função da ferrovia.
Em Lassance, o prédio da estação foi abandonado há vários anos, desde que o ramal Corinto/Pirapora foi desativado. O ferroviário aposentado Manoel Apolinário Prates, de 69 anos, relembra, com saudade, dos tempos em que a cidade era movimentada com a chegada e saída dos trens de passageiros. “Todo final de tarde, era grande o movimento de jovens que iam até a estação para ver o trem chegar”, recorda-se. Seu Manoel se depara com dormentes e trilhos furtados e a estação totalmente descaracterizada e diz: “Acho que tinham que valorizar mais o nosso patrimônio. Pois, as estações foram construídas com o dinheiro do povo”.
Fim da alegria – Desde que o trem de passageiros saiu de cena para ser ocupado apenas pelo transporte de cargas – entre 1994 e 1997, quando a RFFSA foi privatizada –, o clima de festa que ele proporcionava foi substituído pela tristeza, na maioria das cidades, vilarejos e distritos. No Norte do estado, a interrupção do “Trem do sertão” significou não apenas o fim de uma opção de transporte mais barata, mas um duro golpe na economia e na sobrevivência das pequenas comunidades, que se formaram em torno das estações de trem.
Os pequenos produtores estão entre os mais prejudicados, pois usavam a ferrovia para se deslocar até cidades maiores, onde vendiam queijo, requeijão, doce, umbu, pinha e outros produtos da agricultura familiar. “O fim do trem de p
Esperança nos trilhos
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