Decorridos pouco mais de dez anos desde que foram feitas concessões à iniciativa privada, as ferrovias brasileiras registram um aumento sensível no volume de carga transportado. Segundo os últimos dados divulgados, o transporte ferroviário de carga aumentou de 304,15 milhões de toneladas entre 2000 e 2006, o que representa um crescimento de 41,71%. Apesar desse avanço, a participação das ferrovias no transporte ferroviário de carga ainda é baixa, sendo calculada em torno de 24%, fatia muito aquém da que se verifica em países mais desenvolvidos e mesmo emergentes.
A privatização às vezes é criticada pelo fato de ramais antieconômicos terem sido desativados e de as concessionárias, com algumas exceções, terem dado muito mais ênfase ao transporte de carga do que de passageiros. Mas essa opção pelas “ferrovias de carga” é justificada pelo estado de descalabro em que as estradas de ferro ficaram durante décadas no Brasil, obrigando as concessionárias a se concentrar nas operações capazes de oferecer um melhor retorno.
Na realidade, a recuperação só se tornou possível graças a dispêndios na melhoria da linha, sinalização e obras diversas de manutenção, além da aquisição de vagões, locomotivas e equipamentos para expandir a capacidade de carga.
Essa fase de transição, porém, já foi vencida. Agora, chegou a hora de investimentos de maior vulto na extensão das linhas ferroviárias no Brasil. Nesta semana, tivemos dois anúncios de investimentos no setor ferroviário que refletem essa nova etapa, condizente com a expansão que a economia brasileira vem registrando. A MRS Logística decidiu investir US$ 1 bilhão em 2008, soma que será gasta, na maior parte, na compra de 70 locomotivas novas, 40 usadas e 750 vagões para transportar 150 milhões de toneladas, 20% a mais que o movimento previsto para este ano.
Essa iniciativa, como informou a empresa, está diretamente ligada à expansão da siderurgia no Brasil. Além de novos projetos em execução e programados, praticamente todas as siderúrgicas instaladas no País estão em processo de ampliação de sua capacidade produtiva. A expectativa é que a capacidade de produção de aço bruto do Brasil se eleve para cerca de 60 milhões de toneladas por volta de 2012.
Isso só é economicamente viável com investimentos em ferrovias para transportar o minério de ferro aos locais de produção e aos portos de embarque. A concessionária, por sinal, deve implantar em breve o projeto de uma correia transportadora de minério, que irá de Santo André ao terminal da Cia. Siderúrgica Paulista (Cosipa) em Cubatão (SP). Com esse sistema, a MRS aliviará o tráfego nesse trecho, liberando os trilhos para transporte de outros tipos de carga.
Nesta mesma semana, a Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) anunciou que vai destinar US$ 334 milhões de seus investimentos em logística em 2008 (US$ 1,8 bilhão) para dar início à duplicação da Estrada de Ferro Carajás, numa extensão de
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