O que você precisa saber sobre as ações do Grupo CCR (CCRO3)

(Foto: JF DIORIO/ESTADÃO)

O Grupo CCR, listado na B3 sob código CCRO3, é um gigante brasileiro do ramo de concessões de infraestrutura, transportes e serviços. Antiga Companhia de Concessões Rodoviárias, a empresa é líder na administração de rodovias no País, com 3.955 mil quilômetros administrados.

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor, para uma análise solicitada através de enquete no Twitter, ressaltam que a companhia sofreu com a crise do coronavírus devido ao baixo movimento em rodovias e aeroportos, onde ela tem forte atuação, durante a pandemia. Contudo, eles destacam que o grupo vem, aos poucos, se recuperando.

Segundo os analistas, o desafio para o futuro é de diferenciação competitiva, já que a concorrência no mercado de concessões está aquecida.

Como é a atuação da CCR? A companhia, com projetos locais e internacionais de alto impacto, foi fundada em 1999, com atuação nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana, aeroportos e serviços. O grupo foi o primeiro a ingressar no Novo Mercado da B3, ainda na antiga BM&FBovespa.

Dos quase quatro mil quilômetros de rodovias da malha nacional concedida, a empresa possui concessões em diversos estados, como a CCR NovaDutra (SP-RJ), CCR RodoAnel (SP), CCR ViaLagos (RJ), CCR RodoNorte (PR), CCR MSVia (MS), CCR ViaSul (RS) e CCR ViaCosteira (SC).

A CCR também tem atuação no segmento de transporte de passageiros, em que, através de suas concessionárias, opera linhas de metrô em São Paulo (Amarela e Lilás), a linha Ouro de monotrilho de São Paulo, o transporte aquaviário de passageiros no Rio de Janeiro e o sistema metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, na Bahia, além de ter participação na concessão do VLT Carioca.

Já no setor aeroportuário, o grupo tem participação acionária nas concessionárias dos aeroportos internacionais de Quito (Equador), San José (Costa Rica) e Curaçao (país no Caribe).

No Brasil, é responsável pela gestão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Em 2015, o grupo adquiriu a TAS (Total Airport Services), empresa norte-americana prestadora de serviços aeroportuários.

Como estão as ações da companhia? Nesta quinta-feira (29), até às 15h30, o papel CCRO3 era negociado a R$ 11,47, o que representa uma queda de 0,58% em relação aos R$ 11,53 negociados na quarta-feira (27).

No acumulado de outubro, a ação está entre as piores quedas do Ibovespa, com desvalorização na casa dos 8%. No acumulado do ano, a desvalorização superou os 37%.

Vale dizer que, em 2020, o papel atingiu seu recorde histórico no dia 23 de janeiro, com cotação de R$ 19,33. Dois meses depois, no início da pandemia no Brasil, a ação despencou para R$ 9,55 no dia 23 de março. Desde então, o papel vem oscilando acima da faixa de R$ 10.

Como estão as contas da companhia? No balanço do segundo trimestre de 2020, a CCR comunicou um prejuízo líquido de R$ 142,1 milhões, contra um lucro de R$ 347,4 milhões no mesmo período de 2019. A companhia também apresentou queda na receita líquida, de 20,9%, atingindo a marca R$ 1,767 bilhão entre abril e junho, contra R$ 2,234 bilhões no mesmo período do ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 38,1%, para R$ 853,6 milhões, e a margem Ebitda caiu de 61,8% para 48,3%. A dívida líquida teve um crescimento de 7,4% no ano e atingiu R$ 14,4 bilhões em junho de 2020.

O que esperar das ações? O investimento em empresas de infraestrutura deve sempre ser considerado no longo prazo, uma vez que se tratam de operações que duram muitos anos, como a concessão de uma estrada ou metrô por exemplo.

Apesar de ter sido impactada pela pandemia, com a redução de fluxos de veículos em rodovias e aeroportos, a CCR reportou pequenos crescimentos no tráfego de mobilidade urbana em rodovias e aeroportos em outubro. Foram 3,3% em aeroportos, entre os dias 9 a 15 de outubro, e 5,5%, entre os dias 16 a 22 de outubro, ambos comparados aos mesmos períodos do ano passado, destaca Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

A infraestrutura é um dos setores que o País mais tem que investir. Então, a médio e longo prazo, ele vai se beneficiar e se valorizar muito, inclusive por uma taxa de juros mais baixa, avalia Bertotti.

O Bank of America, que voltou a ter cobertura do Grupo CCR, a quem define como líder de mercado, tem recomendação neutra do papel e um preço-alvo de R$ 17. A Eleven Financial Research também tem recomendação neutra para o papel da CCR, mas o preço-alvo da ação é de R$ 19.

Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, o papel tem boas perspectivas de crescimento se considerada a atual abertura política brasileira na área de infraestrutura, tanto no governo federal, através do Ministério da Infraestrutura, como no próprio Congresso Nacional.

O País tem, hoje, um ministro [Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura] que tem uma capacidade de execução muito boa, ou seja, de liberação de obras, de concessões. Então, há uma perspectiva positiva para esse papel e todos os outros de infraestrutura no geral, diz Tozzi.

Apesar das boas oportunidades futuras, a CEO da AGR lembra que a empresa tem grandes desafios pela frente. Além de ter operações sob risco, como o fim da concessão da Dutra, que terá nova licitação em 2021, Tozzi ressalta que a competição no mercado de concessões está mais aquecida. Um caminho, na visão dela, seria ampliar os horizontes de atuação.

Além de estradas e aeroportos, que outro know-how eles teriam para entrar em novas licitações? Eles têm ou vão desenvolver know-how para entrar em licitações de saneamento, que são de infraestrutura e que vêm pela frente?, questiona Tozzi.

Fonte: https://einvestidor.estadao.com.br/investimentos/

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