“Se tudo der certo, vai faltar equipamento nesse país”, vaticina o diretor-executivo da Plasser do Brasil, Victor Araújo, ao analisar os projetos ferroviários em andamento hoje no Brasil. Para além das novas ferrovias de carga que estão em construção, como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), o setor observa de perto o andamento das autorizações privadas, embora, nesse caso, o início concreto das obras ainda seja uma incógnita. “Agora imagine se vingarem 10% dos mais de 70 pedidos de autorização que já foram feitos”, comenta o executivo, citando também, é claro, as renovações dos contratos de concessões.
As primeiras prorrogações assinadas (Malha Paulista, Estrada de Ferro Carajás, Estrada de Ferro Vitória a Minas) vêm impactando o negócio da empresa. Só no começo desse ano, a companhia já tem na carteira a entrega de seis máquinas, entre socadoras e reguladoras de lastro, para uma concessionária que está em vias de concluir seu processo de renovação e optou por antecipar investimentos.
De fato, o segmento de equipamentos de manutenção de via foi um dos primeiros da indústria a ganhar encomendas mais robustas após as renovações. Esse novo ciclo de investimentos ferroviários é comemorado pela empresa, que em 2023 celebra 50 anos de atuação no Brasil. A companhia, de origem austríaca, chegou ao país em 1973, período em que, por aqui, começavam as discussões para a construção da Ferrovia do Aço e da Estrada de Ferro Carajás.
A empresa instalou-se, então, no Rio de Janeiro, onde ficava a sede da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). E na capital fluminense permanece até hoje, sendo uma das poucas empresas ferroviárias fora do eixo paulista. Por enquanto. Nos planos da Plasser, está a expansão da estrutura para o interior de São Paulo, isso se a demanda continuar numa crescente. “Essa localização faz mais sentido pela quantidade de entroncamentos ferroviários existentes lá. Para atendermos tanto o Norte quanto o Sul, temos que estar no entroncamento”, diz Victor.
Nessas cinco décadas, a Plasser & Thuerer entregou 570 máquinas para as ferrovias brasileiras. Hoje, no entanto, a estrutura da Plasser do Brasil é focada apenas no pós-venda, ou seja, é o polo de assistência técnica, treinamento de funcionários, reparo e estoque de peças de máquinas da marca. São 99 funcionários e há expectativa de mais contratações. Há dois anos, a matriz trouxe para o Brasil sua subsidiária, a Robel, especializada em máquinas de via de pequeno porte que, segundo Victor, também tem gerado bons resultados por aqui.
Há 11 anos atuando no setor, o executivo, de 42 anos, formado em engenharia metalúrgica e industrial, chegou à ferrovia por obra do destino, ao ingressar num treinamento oferecido pela GE Transportation nos Estados Unidos. De lá foi transferido para Belo Horizonte (MG), onde começou a trabalhar no ramo de locomotivas. Embora admita que sejam universos completamente diferentes, um ponto em comum entre os dois segmentos é a busca pela sustentabilidade, um caminho inexorável na ferrovia. “Já temos máquinas de via com tração diesel-elétrica, como as locomotivas. Eu diria que o grande salto nos últimos anos em nosso segmento foi na parte da inovação sustentável”.
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