A Procuradoria Geral do Estado (PGE) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estão preparando uma ação judicial contra a concessionária América Latina Logística (ALL), que detém a administração da malha férrea sul desde 1997. A ação tomou como base a reconstrução da ponte sobre o Rio São João, na Serra do Mar, que foi parcialmente destruída no dia 19 de julho do ano passado, quando 35 vagões de uma composição férrea caíram na ribanceira entre as estações Véu da Noiva e Marumbi. Os vagões estavam carregados com 1,7 mil toneladas de açúcar, milho, soja e farelo de soja.
De acordo com o procurador Geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, a reconstrução da ponte não respeitou a arquitetura original da obra. Foram usados dispositivos modernos em vez dos antigos rebites para colocar os trilhos sobre a ponte, construída em 1885. ´A ação vai ser protocolada nos próximos dias em função de não se ter preservado a obra de arte, que é a ponte´, disse ontem o procurador.
A ação foi a última tentativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Paraná em ter a ponte reconstruída, mantendo os padrões originais. ´Não adianta fazer uma restauração que não contemple a história do Paraná e do traçado original da ponte´, argumentou a secretária de Estado da Cultura, Vera Mussi, em recente entrevista à Folha. Cabe ao Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado zelar pelos logradouros tombados, como é o caso da Serra do Mar. ´Esse é um patrimônio de todos os brasileiros. É por isso que o conselho será inflexível no cumprimento total de tudo aquilo que foi exigido´, ponderou na época dos fatos o vice-presidente do conselho, arqueólogo Odemar Blasi.
Ontem, ninguém do conselho quis falar com a Folha. A reportagem foi informada de que o caso agora depende de ação judicial e está sob sigilo. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão ligado ao Ministério da Cultura, José La Pastina Filho, esteve em Curitiba avaliando o impacto do acidente ao patrimônio paranaense. ´Nunca vimos um acidente tão grave ao patrimônio histórico como esse. Temos que exigir a reparação integral do dano´, afirmava ele.
A assessoria de imprensa da ALL informou ontem que nunca foi informada oficialmente sobre os questionamentos feitos pelo Patrimônio Histórico do governo do Estado. A empresa justificou que a ponte sofreu pequenas modificações. Entretanto, nenhuma delas pode ser percebida pelos turistas ou visitantes. O projeto arquitetônico teria sido respeitado, com vistas a garantir a reconstrução da ponte com segurança para todos os usuários.
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