“Punidos por sermos grandes”

As pressões sofridas ultimamente pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) fazem com que o diretor-presidente da empresa, Roger Agnelli, repita a pergunta: `O que foi que eu fiz?` Enquanto travava uma queda-de-braço com as siderúrgicas para conseguir aplicar o reajuste recorde de 71,5% no minério de ferro (que vai garantir, sozinho, um aumento de US$ 4 bilhões à balança comercial nacional), a Vale tentava digerir o parecer da Secretaria de Direito Econômico (SDE), que emitiu um parecer no início do ano condicionando a aprovação da compra das mineradoras Caemi, Ferteco e Samitri à venda de parte de seus ativos logísticos – portos e trechos de ferrovias.

`Empresas brasileiras fortes deveriam ser aplaudidas. Entretanto, estamos sendo punidos por sermos grandes`, afirma Agnelli, rebatendo as observações de que tenha conquistado um monopólio no transporte ferroviário brasileiro quando, ao descruzar as participações acionárias com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), ficou com o controle da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Somada a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) e a Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a sua participação de 32% na MRS Logística, a Vale detém a maior malha ferroviária nacional.

`A malha ferroviária estava abandonada, ninguém queria investir. Nós fizemos as obras e agora vêm dizer que somos uma ameaça à concorrência?`, questiona o presidente da Vale. Na opinião do executivo, a SDE – que encaminhou o parecer ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que julga a concentração da Vale no setor ferroviário – vem sendo pressionada por interesses de siderúrgicas européias, mas também nacionais, que se utilizam da malha ferroviária para escoar sua produção e também o excedente de minério de ferro produzido por suas jazidas (caso da CSN, com a mina de Casa de Pedra) destinado à exportação.

Fonte: Gazeta Mercantil