Quando o trem passa pela cidade é quase impossível não perceber sua chegada, pelo barulho que a locomotiva faz. O som é tão alto que pode ser ouvido a vário metros de distância.
Ainda assim, os acidentes nos cruzamentos e nos arredores das linhas acontecem. No ano de 2004, segundo informações da América Latina Logística (ALL), foram seis envolvendo pedestres e quatro com carros. Para tentar diminuir esses números a empresa realiza, desde o ano passado, campanhas em escolas e ruas para conscientizar a população sobre os cuidados na hora de atravessar as ferrovias.
Nesse final de semana, uma blitz foi realizada em Londrina, no cruzamento da via férrea com a rua Marmelo, para distribuir folhetos explicativos e jogos educativos. “Escolhemos esse ponto porque, dos três existentes na cidade, ele é o mais perigoso. Nosso objetivo é alertar as pessoas sobre a necessidade de estar atento na circulação próxima à ferrovia“, explicou o supervisor de Tração da ALL, Francisco Roque.
Segundo ele, o motivo maior para os acidentes é a desatenção. “Muitas vezes o pedestre acha que vai dar tempo de passar e se arrisca. Nos carros, o problema é o vidro fechado e o som ligado, que dificulta a percepção da buzina do trem“. Como um trem precisa de pelo menos 500 metros para parar totalmente depois de acionados os freios, o maquinista pouco pode fazer quando alguém se coloca na frente.
Quem passou pelo local apoiou a iniciativa. “Sempre que passo por aqui paro e olho para ver se não vem nenhum trem, mas já perdi dois amigos aqui na linha. Acho importante esse tipo de trabalho“, garantiu o mecânico e eletricista Jair Ferraro, 48 anos, morador do Jardim Marabá, que fica próximo da ferrovia.
Outra moradora do bairro, a dona-de-casa Vera Lúcia Gonçalves, 39 anos, afirmou que acidentes são frequentes na região. “Todo ano acontece algum. O marido de uma amiga minha morreu aqui atropelado pelo trem. Outro perigo são as crianças, que atiram pedras e pegam carona nos vagões, comentou.
Para alertar as crianças, a empresa também realiza durante o ano um trabalho nas escolas. “Explicamos que as pedras podem machucar o maquinista. Já tivemos um caso de um funcionário que ficou gravemente ferido. Também falamos do perigo de brincar perto dos trilhos e pegar carona nos trens“, afirmou Roque.
O trabalho já tem dado bons resultados. De acordo com o funcionário, o número de acidentes caiu em mais de 50% em um ano. “Esse ano tivemos muito menos casos, mas nossa intenção é acabar com os problemas“. Uma alternativa, diz, é recolocar as cancelas que alertavam os motoristas para a passagem do trem.
ALL alerta sobre riscos da linha férrea
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