A manhã de ontem foi culturalmente movimentada na estação ferroviária da Calçada. A rotina do local foi alterada com o pré-lançamento do V Festival de Cinema Pan Africano, realizado em Salvador desde 1999. Iniciando as atividades, um café-da-manhã foi servido à comunidade local e, em seguida, houve a apresentação da encenação teatral Portas sobre rodas, na qual os atores Vinício de Oliveira, Camilo Fróes, Nildo Ferreira e Roquildes Júnior construíram uma ligação artística entre trem e cinema. Logo após, o filme Maniçoba, do diretor Paulo Hermida, foi exibido ao público. Finalizando a programação, quem foi até lá acabou passeando de trem, seguindo da Calçada até Paripe, em mais uma edição da proposta Música no Trem, realizada pelo Movimento Trem de Ferro, através do Projeto Ver de Trem.
Nos vagões, o passeio teve direito ao som da banda Partido Popular, do grupo Suburdança e dos cantores Gal do Beco e Aloísio Menezes. Muita gente embarcou na viagem de trem, como o engenheiro Gilson Rodrigues, acompanhado do filho Thales de Mendonça, 10 anos. Embora feliz por participar de um programa dominical diferente, o garoto não tinha tanta curiosidade em fazer o percurso, pois já havia andado antes de trem, no Rio de Janeiro. De qualquer forma, a primeira vez sob os trilhos na capital baiana não deixava de ser especial.
O passeio cumpriu os 13,5km de linhas férreas de Salvador, finalizando em Paripe. O rol de atividades foi uma parceria entre o Movimento Trem de Ferro, a Superintendência de Salvador da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o Festival de Cinema Pan Africano.
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Para Gilson Vieira, coordenador do Movimento Trem de Ferro, a realização de eventos na estação é o modo encontrado para sensibilizar o governo e a sociedade para a necessidade de revitalização da ferrovia e de valorização dos trens urbanos de Salvador – que passam para o comando da prefeitura a partir do dia 1º de dezembro, por meio do processo de cisão da CBTU.
Também estava presente o superintendente da CBTU, Pedro Rocha. (…)
Ontem, o público que passou pela estação, durante a abertura preliminar do festival, pôde assistir à exibição do documentário Maniçoba, um dos curta-metragens da mostra competitiva e que retrata as mulheres negras amassando a massa da maniçoba da Feira de Nossa Senhora de Cachoeira, no município de mesmo nome. Rodado em 2004 e premiado no X Festival de Cinema Universitário do Rio de Janeiro e no III Cine Capão, o documentário fala sobre a miscigenação e a resistência do negro, do índio e do caboclo.
A exibição contou com a presença de Paulo Hermida, diretor e fotógrafo do filme. O curta tem dez minutos de duração e não tem áudio – conta só com as imagens. `Consegui passar o meu recado`, disse Hermida. Com o objetivo de criar um clima descontraído com o público, flores e folhas de pitanga foram espalhadas pelo chão durante o filme.
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