Novos pólos de produção do Nordeste ficarão mais competitivos

A expectativa é que obras da Nova Transnordestina, ferrovia que liga os modernos portos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins, comecem no final de maio ou início de junho de 2006. Até essa data, a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) deve apresentar todos os projetos executivos detalhando os trechos da estrada, contratar construtoras e conseguir as licenças ambientais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Um trecho da ferrovia, no entanto, que vai da cidade de Salgueiro, em Pernambuco, até Missão Velha, no Ceará, começará a ser construído já a partir de janeiro. Nessa área, os projetos executivos foram apresentados e o Ibama concedeu as licenças ambientais.

Depois de ter as obras iniciadas, a previsão é que a construção da ferrovia demore três anos e exija investimentos da ordem de R$ 4,8 bilhões. A Transnordestina terá um total de 1.860 quilômetros, dos quais 905 serão de linhas novas construídas em Pernambuco, Ceará e Piauí. Os outros 955 quilômetros já existem e pertencem à CFN, empresa privada que ganhou a concessão da malha ferroviária nordestina, em 1997, quando houve a privatização do setor.

“A Transnordestina é vital para o desenvolvimento do Nordeste e vai revolucionar a região”, destaca Pedro Brito, secretário executivo do Ministério de Integração e coordenador do projeto da ferrovia. A liberação de recursos do governo, segundo ele, vai começar depois da apresentação dos projetos executivos para os órgãos financiadores, como Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Daí, a estimativa que as obras comecem efetivamente no segundo trimestre de 2006.

Para chegar ao atual traçado da Transnordestina – ferrovia proposta já pelo Barão de Mauá na época do Império como uma interligação com a região Sudeste do Brasil -, a CFN contratou consultorias para avaliar os volumes potenciais de carga que permitam à ferrovia ser sustentável e competitiva.

Entre os produtos a serem transportados destacam-se os agrícolas, que registram forte crescimento no cerrado nordestino. Na safra 2004/05, o norte do Tocantins, o oeste da Bahia e o leste do Piauí produziram 5,3 milhões de toneladas de grãos, atualmente escoados em sua maior parte por estradas vicinais. A produção de soja no cerrado nordestino, por exemplo, cresceu 17% ao ano no período de 1992 a 2004. Da mesma forma avançam as colheitas de milho e algodão. As previsões são de contínua expansão, porque a região é considerada a nova fronteira agrícola do país.

Além dos grãos, há um grande potencial para transportar mercadorias como tijolos, roupas, cal, gesso, mel, calçados, móveis, frutas, minerais, combustíveis e outros produtos, porque a ferrovia vai passar por dezenas de municípios de Pernambuco, Ceará e Piauí, onde se organizam arranjos produtivos locais, novos pólos de produção e áreas já industrializadas, que se tornarão mais competitivos com o transporte ferroviário.

Em Pernambuco, por exemplo, o pólo de gesso, na região de Parnamirim-Araripina, que produz cerca de 2 milhões de toneladas por ano, poderá duplicar sua produção e aumentar suas exportações ao ter acesso a um transporte mais barato até o porto de Suape. Também as exportações de frutas de Petrolina poderão tornar-se mais competitivas. Atualmente, parte da produção é exportada pelo porto de Pecém, no Ceará, porque o transporte multimodal (rodoviário e ferroviário) permitirá a saída de frutas em contêineres pelo porto de Suape. Pelas projeções da CFN, o volume de cargas poderá chegar a 17 milhões de toneladas em 2010 e a 27 milhões em 2020.

“A ferrovia será moderna e estará interligada a dois dos mais modernos portos do país”, diz o diretor presidente da CFN, Jayme Nicolato. A ferrovia será de bitola larga (1,60 metro), o que garante velocidade aos trens de 65 km/h, enquanto nas ferrovias de bit

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Fonte: Valor Econômico

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