Funasa atende a pedidos e ferrovia é desbloqueada

Os 500 índios que interditaram a Estrada de Ferro Carajás, em Alto Alegre do Pindaré (MA), levantaram as barreiras e desocuparam o local ontem à tarde. Os líderes decidiram pelo fim do bloqueio por volta das 17 horas, depois que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciou que vai liberar R$ 610 mil para aplicação imediata na área de saúde e confirmou a exoneração do coordenador do órgão no Maranhão, Zenildo Oliveira dos Santos.

Antes de comunicar o fim do protesto, o grupo cortou 13 metros de trilhos da ferrovia com um maçarico e pôs fogo em 98 dormentes. Também ameaçou interromper o tráfego em rodovias estaduais e até ações mais radicais para forçar um acordo.

Foi a segunda vez que os índios bloquearam a ferrovia em uma semana, em protesto contra a situação de saúde nas 17 reservas maranhenses. Eles queriam pressionar a Funasa a mudar o modelo de assistência indígena e a Fundação Nacional do Índio (Funai) a alterar o esquema de fiscalização e demarcação das reservas. No fim da tarde de terça-feira, 14, o juiz federal Marcelo Dolzany, havia determinado de novo a desocupação da ferrovia.

No período das ocupações a Companhia Vale do Rio Doce, dona da ferrovia, deixou de transportar cerca de 1 milhão de toneladas de minérios e 6 mil passageiros. No início da noite, no Rio, a Vale comunicou em nota a liberação da ferrovia. Informou os danos nos trilhos e que será preciso recompor 90 metros de leito por causa do fogo. “Este ato de vandalismo prejudicou o transporte diário de cerca de mil passageiros e a ligação da maior província mineral do Brasil – as minas de Carajás, no Pará – ao Complexo Portuário de Ponta da Madeira no Maranhão.”

A Vale destacou que a ferrovia não passa dentro de terras indígenas. O trem de passageiros da estrada de ferro voltará a circular hoje, saindo da estação de São Luís, no Maranhão, com destino a Parauapebas no Pará.

Antes do desbloqueio, a agitação já chegara a outros grupos indígenas, que falavam em novas ações de protesto. A líder krikati Sonia Krikati chegou a dizer a uma rádio local que, além dos guajajaras, os demais povos indígenas do Estado – como krikati, gavião, kaapó, awá, guajá, timbira e kanela – seriam mobilizados em novas interdições em rodovias, como a MA-006, que cruza uma das 17 reservas do Maranhão.

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Fonte: O Estado de S. Paulo

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