Na cidade do Rio de Janeiro, os Gases do Efeito Estufa (GEEs), emitidos por veículos rodoviários, são responsáveis por 60% da emissão de dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e óxidos de enxofre, altamente prejudiciais à saúde da população. Os corredores viários da cidade estão consolidados e ocupados por vias ferroviárias e rodoviárias. Sem possibilidades de expansão. E na região metropolitana são feitas diariamente 13,2 milhões de viagens, 77% delas de ônibus.
O número excessivo de automóveis nas ruas e a política adotada ao longo de décadas, que privilegia o transporte por ônibus, em detrimento do trem e do metrô, resultaram no trânsito caótico, em grandes engarrafamentos e num alto grau de poluição atmosférica. O metrô é a solução, dizem os especialistas. Mas na esfera federal as ações não sustentam o discurso. Até hoje o Estado do Rio de Janeiro não recebeu um centavo sequer de financiamento a fundo perdido para construir e ampliar o metrô. Todos os investimentos são feitos ou com recursos do Tesouro Estadual, ou com financiamentos do BNDES, religiosamente pagos com juros e correção monetária.
A Barra da Tijuca é um exemplo de como o metrô pode resolver os problemas de transporte da população. Chegar à Barra é um exercício de paciência. Bairro em franco crescimento, com a inauguração de shoppings, grandes condomínios, centros empresariais, universidades e da mais completa infra-estrutura de lazer da cidade, gera milhares de viagens/dia feitas sobretudo por automóveis. Mais de 400 mil pessoas se deslocam diariamente nesse corredor.
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No entanto, a ligação Barra-Zona Sul-Centro, continua feita como há 30 anos, unicamente por via rodoviária, já totalmente saturada, impondo aos moradores e trabalhadores pesados ônus em engarrafamentos diários. Esses problemas tendem a se agravar com a realização do Pan 2007, já que a Barra abrigará a Vila Olímpica e boa parte das competições. Se não foram tomadas medidas urgentes para melhorar o trânsito, haverá engarrafamentos intermináveis, com prejuízos para moradores, visitantes e para a imagem do Rio. Recentemente a Prefeitura do Rio se dispôs a financiar o trecho da Linha 4 entre a Barra e a Gávea. O governo estadual aceitou a proposta, mas na hora de alocar os recursos o prefeito recuou e nada foi feito.Agora não há mais tempo de terminar o trecho antes do Pan.
– Mas é preciso pensar adiante. A solução para o transporte na Barra da Tijuca existe. É a Linha 4 do metrô, com 16,5 quilômetros de extensão e cinco estações, que ligará a Barra a Botafogo, passando por São Conrado, Gávea e Humaitá e fazendo a integração com a Linha 1 e todo o sistema metroviário na estação São João, em Botafogo.
A Linha 4 está concedida, desde 1998, à concessionária Rio Barra, ficando a cargo do Estado 45% do investimento, aprovação do projeto e acompanhamento das obras. Até agora, no entanto, não foi possível viabilizar financeiramente esta linha, face ao alto custo do investimento e à falta de capacidade do Estado em arcar sozinho com mais esta obra de metrô, já que, neste momento, está imbuído em concluir a Linha 1, cuja construção se arrasta há mais de 20 anos.
Face a isto e à histórica falta de apoio do governo federal à expansão do metrô no Rio, o Estado está tentando enquadrar a construção da Linha 4 como Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Protocolo de Quioto, visando obter recursos com a venda futura de créditos de carbono, para financiar parte deste empreendimento, diminuindo o desembolso do Estado. A Linha 4 tem grandes possibilidades de se tornar um projeto MDL porque proporcionará redução drástica na emissão de gases de efeito estufa ao retirar milhares de veículos e ônibus de circulação.
Mas é fundamental também que o governo federal invista no metrô do Rio, como faz em outros estados. Não pedimos favor. O Rio tem 8,5% da população nacional, paga 17% dos impostos arrecadados pela União e rece
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