A América Latina Logística (ALL) vai monitorar eletronicamente os pátios de manobra onde são formadas as composições da sua rede ferroviária. O projeto, pioneiro no setor ferroviário brasileiro, deve diminuir o tempo de permanência dos vagões nesses locais, aumentar a segurança nas operações e melhorar a produtividade, segundo Sergio Costa, especialista da gerência de projetos e tecnologia operacional da empresa. Todas as informações serão controladas, por meio de um software, pelo centro de operações em Curitiba, que já monitora os trens e a sua movimentação pela malha.
Os pátios são considerados, no jargão do setor, o buraco negro das ferrovias, uma área em que as empresas não conseguem ter o controle total das operações, diz Costa. A empresa estima uma economia de R$ 110 milhões na primeira etapa do programa, que prevê a implantação do sistema em seis pátios nos estados no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul até 2007. O cálculo, segundo Costa, leva em consideração o aumento da produtividade e a conseqüente redução de investimentos em equipamentos.
De acordo com ele, com o sistema há uma redução do tempo de permanência do vagão no pátio de 42 horas para 40 horas. A empresa prevê diminuir em 5% a compra de vagões – percentual que equivale a 250 unidades – e em 3,5% na aquisição de locomotivas (nove unidades). Na seqüência, a intenção é ampliar para outros locais (a empresa possuia 34 pátios com esse perfil na sua rede) e no futuro avaliar a possibilidade de implantação na rede da ALL na Argentina, afirma Costa.
Inicio das operações
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Orçado em R$ 1,5 milhão, o projeto da ALL começou a funcionar em junho deste ano, com a implantação de um protótipo no pátio de Ponta Grossa (PR). Em média, cada pátio movimenta 300 vagões por dia, mas há locais com grande demanda, no porto de Paranaguá, que movimenta 700 vagões por dia com a distribuição de carga em 25 terminais. Costa lembra que a dificuldade de implantação do projeto no Brasil foi justamente a falta de um modelo que se adaptasse ao sistema ferroviário nacional. Os executivos da empresa chegaram a buscar experiências nos Estados Unidos, como o projeto desenvolvido ferrovia Union Pacific, que consumiu investimentos de US$ 5 millhões somente com o software.
Mas vimos que não era um modelo que se adaptaria ao Brasil, diz ao ressaltar que a solução foi encontrada aqui mesmo. O software custou R$ 400 mil e foi desenvolvido por empresas brasileiras.
Alertas inteligentes
O programa informa online todas as ações realizadas no pátio. Por ele, é possível controlar todas as ordens de serviço, realizar projeções de carregamentos e, em situações críticas, enviar alertas inteligentes por meio de e-mails e mensagens SMS (mensagens de texto via celular) para a central.
O projeto também permite que o maquinista visualize no computador de bordo da locomotiva, por meio de gráficos, todo o pátio de manobras. Assim ele também pode diminuir o consumo de diesel ao desligar a locomotiva em caso de espera prolongada, lembra.
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