Mais ágeis e mais lucrativas

Nos próximos dias, um caminhão do Grupo Martins chegará à cidade de Mucajaí, no estado de Roraima, próximo à fronteira com a Venezuela, carregado de suprimentos que serão entregues a varejistas locais. Enquanto isso, outras carretas com a bandeira da empresa levarão mercadorias para municípios tão distantes quanto Xanxerê, em Santa Catarina, e Tangará da Serra, em Mato Grosso. Apenas no mês de setembro, os 1 100 caminhões que pertencem à frota do Martins terão percorrido algo como 4 milhões de quilômetros — o equivalente a cerca de 1 000 vezes a distância entre Oiapoque, no extremo norte do Brasil, e Chuí, na ponta sul — para distribuir produtos tão diversos quanto bicicletas, biscoitos, notebooks, remédios e geladeiras, numa variedade de 14 000 itens. Para que as encomendas alcancem seu destino no prazo, que nunca é maior que 11 dias por mais remota que seja a região, o Grupo Martins executa uma operação de guerra. Assim que o pedido é fechado, seus computadores entram em ação para localizar o produto, retirá-lo das centrais de armazenagem, levá-lo para um dos 39 centros de distribuição e, enfim, colocá-lo no caminhão. Ao mesmo tempo, sistemas matemáticos ajudam a definir as melhores rotas até o destino final, indicando as estradas precárias que devem ser evitadas. Graças à eficiência desse processo, que pode ser resumido em uma única palavra — logística –, o Martins, de Uberlândia, em Minas Gerais, tornou-se o maior distribuidor-atacadista da América Latina, com faturamento anual de 2,7 bilhões de reais.


O negócio do Martins é puramente logístico. Seus controladores, comandados pelo empresário Alair Martins, vivem disso. Mas, cada vez mais, companhias dos mais variados setores passam a enxergar na excelência logística uma parcela considerável de seus resultados. É a gestão bem-sucedida da chamada cadeia de suprimentos que permite que gigantes como Companhia Vale do Rio Doce, Wal-Mart e Dell sejam líderes em seus setores. Considerada por especialistas como uma evolução da logística, a gestão da cadeia de suprimentos envolve a compra de matérias-primas, a administração de fornecedores, o recebimento de encomendas, a armazenagem eficiente de mercadorias, o transporte e a entrega de produtos no menor prazo e no menor custo possível. Parece simples, mas em geral são operações complexas que demandam grande aparato tecnológico e inteligência estratégica. Fazer com que todas essas pontas do negócio funcionem juntas é o grande desafio do mundo das empresas modernas, diz Hugo Yoshizaki, especialista em logística da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.


No caso do Grupo Martins, chegar a esse grau de precisão é vital. Nos últimos 20 anos, a empresa vem investindo sistematicamente na melhoria de seus processos logísticos. A entrega de mercadorias, antes vista como custo, tornou-se uma nova fonte de lucros. Não basta mais apenas vender, é preciso descobrir um jeito de levar a mercadoria até o cliente gastando o mínimo possível, sem comprometer a qualidade do produto, afirma Avenor Teixeira Carvalho Neto, diretor de logística do Grupo Martins. Se conseguirmos cumprir esse papel, o resultado será um melhor desempenho financeiro da companhia. Gastar menos significa necessariamente ser mais ágil do que a concorrência. No final dos anos 80, os notebooks ainda eram equipamentos para poucos. Mas os vendedores do Grupo Martins já registravam neles seus pedidos, o que economizava e reduzia os erros. Em maio deste ano, os notebooks começaram a ser substituídos por handhelds, modernos e diminutos computadores de mão que enviam as encomendas virtualmente. Com isso, os 5 000 vendedores do Grupo Martins podem atender melhor os 200 000 clientes responsáveis por 3,5 milhões de pedidos recebidos por ano pela empresa.


É a tecnologia que permite que o Grupo Martins seja uma das raríssimas empresas brasileiras a chegar a todos (sim, todos) os 5 560 municípios do país. Como historicamente os governos demonstram incap

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Fonte: Exame

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