A América Latina Logística S.A. (ALL) encerra hoje as atividades administrativas da empresa em Campinas. Até o final deste mês todas as operações da ALL, que adquiriu este ano a Brasil Ferrovias (Ferroban, Ferronorte e Novoeste), cuja sede era na cidade, também serão transferidas para Curitiba (PR), Araraquara e Rio Claro (oficinas). A incerteza, agora, é o destino do conjunto de 22 prédios que estão sob a concessão da ALL e ficam no complexo da antiga Fepasa. A empresa de logística ferroviária e a Prefeitura negociam uma forma das edificações passarem para as mãos do governo municipal.
A mudança das operações administrativas e das oficinas da concessionária de Campinas para outras cidades resultou nas transferências de 50 funcionários e demissões de outros 90. A preocupação de arquitetos e sindicalistas é que o fim das atividades da ALL nas edificações do complexo da Fepasa aumente a deterioração do patrimônio ferroviário campineiro. A degradação do espaço ocupado pelo meio de transporte que outrora foi símbolo da riqueza do Município é visto em outras áreas como a Estação Guanabara e o Palácio da Mogiana.
Os ferroviários lamentaram a transferência das operações da concessionária da cidade. A direção do Sindicato dos Ferroviários e Empresas Ferroviárias Paulista calcula que mais de mil pessoas foram demitidas na base da entidade — Jundiaí até Pindorama e de Itirapina a Colônia (MG) — dentro do processo de reestruturação do setor ferroviário a partir da privatização realizada no final dos anos 90. A concessionária vai utilizar apenas os trilhos que cortam Campinas e a base de operação que fica em Paulínia, cujo foco é transportar combustível da Replan.
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O presidente da entidade, Waldemar Raffa, criticou o processo de privatização que, segundo ele, dilapidou a malha ferroviária brasileira e deixou relegado o patrimônio histórico no País. “Campinas será apenas uma passagem de trens. Se a Prefeitura não se interessar pela área da Fepasa e não promover a revitalização do local, este patrimônio da população vai desaparecer com a degradação.”
A assessoria de imprensa da ALL informou, por meio de nota, que a empresa transfere as atividades administrativas de Campinas para Curitiba para maior integração operacional e administrativa entre as malhas operadas pela concessionária, otimizando o trabalho dos colaboradores e a reestruturação financeira das empresas adquiridas.
Segundo a empresa, a recuperação econômico-financeira e a integração da malha teve uma série de medidas como a instalação de unidades em pontos estratégicos: Bauru, Sorocaba, Araraquara e Santos. Conforme a concessionária, outras ações adotadas foram a troca de dormentes e a manutenção de vias permanentes. A ALL informou que houve transferência de Campinas para outras cidades e os desligados são ressarcidos das verbas rescisórias.
A ALL informou que sobre os prédios sob a sua concessão em Campinas estão sendo negociados com a Prefeitura de Campinas. Mas até agora não foi fechado nenhum acordo entre o governo municipal e a empresa de logística. A concessão da ALL é de 30 anos a partir de 1999. Caso se concretize a negociação da Administração com a ALL, a parceria deverá passar pela aprovação da Rede Ferroviária Federal. A concessionária pode ainda, caso não exista interesse do governo municipal, devolver as edificações para a Rede Ferroviária Federal. Mas enquanto estiver sob concessão, a conservação dos espaços é de responsabilidade da empresa.
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