A América Latina Logística (ALL) está investindo R$ 20 milhões em dois centros de reforma de vagões, localizados em Sorocaba e Rio Claro (SP), que vão recuperar a chamada frota morta da Brasil Ferrovias, comprada pela empresa em 2006. Segundo Rodrigo Goulart, gerente de oficina de vagões, quando a ALL assumiu a operação, 35% dos 12 mil vagões da empresa estavam sem operar, por falta principalmente de recursos para manutenção. É um percentual muito alto. Na malha sul, que já era da ALL, esse percentual é de apenas 5%. De acordo com ele, já foram recuperados 300 vagões desde setembro do ano passado e até março esse número pode chegar a 1,4 mil. Eles vão rodar nos trechos que compõem a chamada Brasil Ferrovias (Ferroban, Ferronorte e Novoeste), que opera em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Vamos reformar mais à medida que cresça a demanda por vagões. Com a frota inutilizada, a Brasil Ferrovias não conseguia conquistar mais clientes, afirma Goulart. Segundo Gabriel Martelli, gerente de mecânica da ALL, a Brasil Ferrovias tinha metade do volume transportado pela ALL e o dobro do custo fixo, o que inviabilizava seu crescimento. A empresa foi adquirida em maio de 2006 pela ALL, em um negócio que envolveu recursos de R$ 1,405 bilhão em ações.
Os R$ 20 milhões investidos no projeto fazem parte dos recursos de R$ 1 bilhão que serão destinados para a compra e reforma de vagões entre 2006 e 2009 em toda a rede de ferrovias da ALL. A empresa já possui oficinas desse tipo em Ponta Grossa (PR) e Mafra (SC), que reformam, cada uma, de 70 a 80 vagões por mês. Os centros localizados em São Paulo já pertenciam à Brasil Ferrovias, mas operavam precariamente. O objetivo, com a compra de novos equipamentos, contratação de mão-de-obra e melhorias de infra-estrutura, é que cada uma das oficinas recupere 100 vagões por mês, segundo Goulart.
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De acordo com o gerente, hoje sai mais barato para a própria ALL fazer a recuperação dessa frota do que contratar o serviço no mercado. Temos escala, conhecimento e maior velocidade, o que nos garante um custo de 30% a 40% menor, diz. Na oficina de Sorocaba estão sendo desenvolvidos vagões de bitola métrica, específicos para o transporte de industrializados, como bobinas de papel e aço e painéis de madeira, além de vagões plataforma para o transporte de contêineres. No momento estamos começando a trabalhar em um vagão específico para a Sadia, diz. O projeto de Rio Claro, por sua vez, vai se concentrar na manutenção de componentes e de vagões de bitola larga (1,60m). Ao todo, 400 pessoas, entre funcionários próprios e terceirizados trabalham nas duas oficinas. Apesar de ter cerca de 2 mil vagões com até cinco anos, a maior parte da frota da Brasil Ferrovias tem pelo menos 25 anos. De maneira geral, são vagões que podem ter longa operação, desde que seja feita a manutenção adequada, finaliza Goulart.
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