O Sindicato dos Metroviários de São Paulo apresentou ontem ao Ministério Público do estado e do Trabalho ação em que pede embargo das obras da Linha 4, onde um desabamento dia 12, no canteiro de obras da futura estação Pinheiros, matou sete pessoas. Os metroviários querem uma auditoria, um diagnóstico sobre segurança do trabalho e ainda reivindicam que a fiscalização seja feita pelo corpo técnico do Metrô.
O presidente do sindicato, Flavio Godoy, criticou o gerente contratado pela estatal para fiscalizar o consórcio de empreiteiras, Marco Antonio Buoncompagno, acusado de corrupção e de ser ligado às construtoras.
— Ele é homem de confiança do presidente do Metrô (Luiz Carlos Frayze David), das empreiteiras.
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Mas não dos metroviários — disse Godoy.
Engenheiro responde por crimes contra patrimônio Buoncompagno se tornou foco das críticas depois de reportagem de ontem da “Folha de S. Paulo” sobre o processo a que o engenheiro reponde por envolvimento em crimes contra o patrimônio público ao lado da Andrade Gutierrez, uma das empreiteiras do consórcio Via Amarela, e da Mendes Jr. Ontem, o Metrô, em nota oficial, defendeu o funcionário e chamou de ilações as informações do jornal.
A ação civil pública movida contra Buoncompagno tramita desde 1992. À época, o presidente do Metrô era Antonio Sergio Fernandes e o governador, Orestes Quércia (PMDB).
Buoncompagno, que havia aberto uma empresa de engenharia, a Engemab, subcontratada das empreiteiras, é acusado de envolvimento no suposto esquema de enriquecimento ilícito do ex-presidente. Segundo Godoy, Buoncompagno foi demitido devido às acusações.
Na gestão do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayze David, o recontratou para um cargo de confiança, o de gerente de obras da Linha 4.
“A existência de processo na Justiça, nos anos 90, época em que o engenheiro não pertencia aos quadros da Companhia, não significa, agora em 2007, que na função de gerente de construção da Linha 4 tenha qualquer ligação com as empresas que compõem o Consórcio Via Amarela“, afirma a nota do Metrô.
As empreiteiras sabiam dos riscos do terreno dois dias antes do acidente. O “Jornal Nacional” revelou ontem que um relatório da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa) do Metrô apontava instabilidade do terreno e requisitava obras de contenção.
Um dia antes da tragédia, quando as paredes do túnel já estavam envergando, ficou decidido que o local seria reforçado, mas isso não aconteceu.
Já na manhã do acidente, os fiscais do Metrô souberam que havia ocorrido a detonação de explosivos. Um operário afirmou que recebeu ordem para “maquiar” as rachaduras do túnel para driblar a fiscalização.
O Metrô desautorizou o sindicato e a Cipa a emitir opiniões técnicas e afirmou que as causas do acidente serão reveladas em laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
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