Os prejuízos causados pela abertura de enorme cratera provocada pelo deslizamento de terra nas obras da Estação Pinheiros do metrô às famílias que residiam em ruas próximas e o drama vivido pelos parentes das vítimas fatais justificam as reações emocionadas registradas pela imprensa e exigem providências urgentes no sentido de reduzir o sofrimento dessas pessoas e, nos casos em que isso for necessário, reparar os danos materiais que elas sofreram.
As imagens do acidente não deixam dúvidas quanto a sua gravidade. Diante delas, é natural que cresça o clamor popular pela apuração das causas e das responsabilidades pelo acidente. Mas, dadas as características do deslizamento, não será fácil determinar suas causas e, em seguida, identificar possíveis responsáveis. Caberá ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) conduzir as investigações que serão comandadas pelo presidente do órgão, engenheiro civil Vahan Agopyan.
Embora não seja possível minimizar a gravidade do acidente, é preciso observar que, apesar de sua complexidade, que envolve muitos riscos, as obras do metrô paulista têm um histórico de segurança. Em mais de três décadas, este é o primeiro acidente de maior gravidade. As empresas que compõem o Consórcio Linha Amarela, responsável pelas obras da linha 4, na qual ocorreu o deslizamento na semana passada, têm uma folha de serviços prestados no País e no exterior que não deixa dúvidas quanto a seu preparo técnico para o trabalho.
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Foi simplista, é verdade, sua primeira tentativa de explicação do acidente, atribuindo-o ao excesso de chuvas. A ocorrência de intempéries deve ser levada em conta em qualquer obra, com mais razão nas mais complexas e extensas, como são as do metrô – e com certeza foi prevista também neste caso.
Também não parecem ter sido suficientes as providências que adotaram desde a véspera do deslizamento, quando operários detectaram um pequeno afundamento na laje superior da estrutura, que formaria o teto da estação. Os responsáveis pela construção não consideraram necessário suspender a obra. Quando a situação chegou a um ponto crítico, tiveram tempo de evacuar o local, o que evitou o soterramento de operários da obra. As vítimas até agora registradas eram pessoas que passavam pela rua ao lado do poço do metrô.
São precipitadas as afirmações de que o acidente teria sido resultado da pressa com que, por razões políticas, as obras estariam sendo executadas. Do ponto de vista político, só interessaria ao governo uma aceleração da obra se sua conclusão pudesse influir em decisão do eleitorado. Não é, evidentemente, o caso das obras da Estação Pinheiros.
Além disso, é preciso desde já desarmar qualquer tentativa de buscar razões ideológicas como já se ensaiou em um espetáculo constrangedor na televisão e no rádio. Dirigentes da entidade sindical dos metroviários – que se opõe ferrenhamente à transferência das operações da linha 4 para grupos privados, pois isso implicará o questionamento de muitos privilégios de que gozam os funcionários da Companhia do Metrô – não hesitaram em dizer que o deslizamento é conseqüência do açodamento com que o governo do Estado quer privatizar a nova linha.
Para os familiares das vítimas, o trabalho dos bombeiros de resgate dos corpos dos mortos na tragédia do metrô parece angustiantemente lento. Entende-se seu sofrimento, mas esta é uma operação que precisa ser feita com cuidado, para que novos deslizamentos não ocorram.
É certo que o acidente de sexta-feira passada prejudicará o cronograma de obras da linha 4. Mas ele não deve servir de argumento para mais atrasos nessas obras, das quais a cidade necessita urgentemente, nem, muito menos, para colocar em questão a qualidade desse serviço, no qual a população paulistana deposita tanta confiança. O que se espera é que se tomem as providências necessárias para que a inadiável expansão da ainda modesta malha metroviária se faça com a maior rapidez e, como sempre, a
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