Operários temem acidentes no metrô de Salvador

A abertura de uma cratera na Linha 4 da Estação de Pinheiros do metrô de São Paulo tem causado apreensão nos trabalhadores das obras do metrô soteropolitano. O temor é que aconteça o mesmo em Salvador. Além do sentimento de insegurança, os operários reclamam de pressões exercidas pelos superiores para agilizarem o andamento das obras, o que acaba por gerar pequenos acidentes. A morte do ajudante de obras Jackson Silva Santos, que foi esmagado por um equipamento no canteiro Bonocô, em 24 de dezembro, ainda não foi devidamente esclarecida. A direção das obras afirma que não há perigo de acontecer um acidente como o da Estação Pinheiros e que a segurança dos trabalhadores foi intensificada.

“Acontece sempre pequenos acidentes, que são registrados pelos técnicos de segurança. Às vezes é alguém que aperta ou corta um dedo”, afirma o operário Alex Lima dos Santos, 31 anos, que trabalha como marteleiro nas obras no subsolo da Estação da Lapa. Sua função é escavar uma das rochas do local com ajuda de um martelo e instalar dinamites para futuras detonações. “É normal numa obra que os encarregados fiquem nos pressionando para trabalhar mais rápido, mas ao mesmo tempo os técnicos de segurança nos dizem para ter cuidado”.

Alex declara que há um clima de insatisfação entre os funcionários por conta das pressões exercidas pelos superiores imediatos para que o trabalho seja feito com mais rapidez. “As obras foram paradas várias vezes, algumas estruturas ficaram comprometidas e há ocorrência de infiltrações. É claro que tem gente fica mais apreensivo”. Outra fonte de reclamações seriam os baixos salários. Um ajudante chega a ganhar R$1,69 por hora trabalhada, o que dá pouco mais de R$300 por mês – menos que um salário mínimo. De acordo com o operário, cerca de cem trabalhadores pediram demissão, mas a direção teria contornado o problema.

O operário afirma que o acidente parecido com o que matou o ajudante de obras Jackson da Silva Matos, 24 anos, aconteceu novamente no Bonocô, mas desta vez sem vítimas. Em 14 de dezembro, Jackson auxiliava a transferência do fischetti – equipamento utilizado para transportar vigas de concreto – quando o aparelho tombou lateralmente e caiu sobre seu corpo, causando morte imediata. “O encarregado de prenome Edmilson foi demitido por causa disso”, diz Alex. A direção das obras não confirma esta informação. Um operário que trabalho no Bonocô e preferiu não se identificar afirma que colegas do Campo de Pólvora “estão com medo de um acidente no local”.

Um dos líderes do Movimento em Defesa do Metrô de Salvador, Jocélio Tibúrcio, afirma que tem recebido ligações de operários preocupados com a segurança nas obras e também com a ameaça de demissões. “Nós não temos capacidade técnica para avaliar se o andamento das obras é seguro ou não. Desta forma, estamos sugerindo à prefeitura que chame uma comissão de técnicos para esclarecer a população que não há riscos de nenhum acidente”. Tibúrcio tem reunião marcada para esta semana com o secretário de Transporte e Infra-estrutura, Nestor Duarte, para discutir o assunto, e avalia que engenheiros do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea/BA) poderiam fazer a inspeção.

Diretor garante que não há risco

O diretor das obras do metrô, Luís Fernando Villar, declara que não há nenhum risco de acontecer em Salvador o mesmo que ocorreu em São Paulo. “O lugar que possuía as características do tipo de obras da Pinheiros é o Campo da Pólvora, mas o tipo de trabalho de escavadura já foi concluído a um certo tempo. Não há o menor risco”.

As detonações ocorridas no Campo da Pólvora causaram danos aos prédios vizinhos. Em um deles mora o mecânico aposentado Miguel Di Tommaso, 73 anos. “Três janelas foram quebradas, mas houve indenização. Além disso, o incômodo era grande com a quantidade de poeira que subia no começo da obra, mas não acho que teve nada grave”.

Em outro pr

Fonte: Correio da Bahia