Os 27 prefeitos maranhenses de cidades da área de influência da Estrada de Ferro Carajás (EFC), o deputado federal Sebastião Madeira (PSDB) e o secretário estadual de Planejamento, Aziz Santos, estiveram discutindo em reunião uma solução para a liberação dos R$ 20 milhões que estão retidos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), desde a privatização da CVRD, quando foi criado um fundo em benefício dos municípios localizados em sua área de influência.
Parte dos prefeitos que integra o Corredor Carajás, da Vale do Rio Doce, ameaça interditar a qualquer momento a ferrovia como forma de pressionar a empresa a determinar a liberação da verba. A ameaça foi feita em reunião realizada na sede da Famem.
Os recursos, destinados para serem aplicados em obras de saneamento básico, nunca foram liberados porque o BNDES nunca aprova os projetos. Isso é uma irresponsabilidade muito grande, tanto por parte do BNDES como da Vale do Rio Doce. Defendo uma atitude mais agressiva, para que a empresa possa nos ouvir. Se interditássemos a ferrovia, certamente teríamos uma solução, disse o prefeito de Buriticupu, Antonio Marcos Oliveira, o Primo.
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O prefeito de Açailândia, Ildemar Gonçalves, concordou. Apresentamos projetos e mais projetos e nunca o problema é resolvido. Só uma medida de choque fará com que o BNDES libere os recursos, afirmou. Para o prefeito de Vitória do Mearim, José Mário, uma medida de impacto é de fundamental importância, para chamar a atenção de dirigentes da Vale e do BNDES. Já estive até com o presidente da Vale, o Agnelli, no Rio de Janeiro. Ele prometeu equacionar o problema e, até hoje, nada foi resolvido. Também, aprovo a interdição dos trilhos da ferrovia, disse.
O prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, disse aos colegas que, cansado de tanto esperar, decidiu recorrer à Justiça para receber os R$ 701 mil a que o seu município têm direito. O deputado federal Sebastião Madeira (PSDB), presente ao encontro, defendeu que se faça uma ampla mobilização, para pressionar a Vale e o BNDES e se colocou à disposição, dizendo que irá mobilizar a bancada federal do Maranhão para entrar na briga em defesa dos prefeitos.
Leão Santos, de Arari, também se mostrou disposto a participar da mobilização contra a Vale, como forma de forçar a empresa a determinar ao BNDES a liberação dos recursos, apesar de afirmar que preferia uma solução negociada. Os prefeitos Gilberto Aroso, de Paço do Lumiar, Luís Fernando Silva, de São José de Ribamar e Áurea Bonfim, de Miranda do Norte, também se manifestaram, criticando duramente a Vale do Rio Doce.
O secretário de Planejamento, Aziz Santos, disse aos prefeitos que o governador Jackson Lago tem interesse na solução desse problema, destacando que sua equipe já está debruçada nos estudos técnicos, para verificar a melhor forma do governo estadual intermediar a questão.
Nós, governo, prefeitos e a bancada federal vamos tentar uma negociação política. O governador Jackson Lago já conhece o problema, e vai lutar para intermediar a sua resolução, disse Aziz.
O presidente da Famem, Cleomar Tema, disse que a entidade, que levantou a questão, está disposta a qualquer ação, com vista à solução desse problema. Os prefeitos, segundo Tema, estão articulando um dia de protesto contra a Vale do Rio Doce.
CORREDOR NORTE SUL
Presente ao encontro, o prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo, defendeu a inclusão de sua cidade e dos municípios de Estreito, Campestre do Maranhão, Ribamar Fiquene, Governador Edson Lobão, João Lisboa e Imperatriz, no Corredor Carajás. Ele disse que essas cidades, mesmo pertencendo ao Corredor Norte Sul, devem ser beneficiadas com os recursos do BNDES, já que a Vale utiliza seus solos.
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