O rio São Francisco será uma peça chave para dinamizar a economia do oeste baiano. É com essa perspectiva que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) está arquitetando um projeto de corredor multimodal que terá como eixo central 600 quilômetros de hidrovia entre as cidades de Ibotirama e Juazeiro, na Bahia. Até 2010, segundo projeções da Codesvasf a carga agrícola na região poderá atingir um patamar de 10 milhões de toneladas. A idéia é escoá-la através de uma interligação entre a BR-242, a hidrovia do São Francisco e a Ferrovia Central Atlântica (FCA).
O transporte de carga por este arranjo logístico poderia diminuir em até 60% o custo com frete, indicam estudos da consultoria Booz Allen encomendado pela autarquia em parceria com governo da Bahia e a Chesf. Atualmente, os grãos produzidos nos cerrados de Goiás e da Bahia são levados de caminhão até o porto de Salvador. No corredor, a carga sairia de pólos agrícolas, como Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, e seguiria até Ibotirama, onde embarcações a levariam até o entrocamento com a FCA em Juazeiro. Dali, sobre os trilhos, iria até a capital baiana.
Estudos feitos por um consórcio de consultorias calcularam o investimento para concretizar o corredor em R$ 309 milhões. Parte destes recursos teria que ser do setor privado, principalmente na rede ferroviária, para a extensão de ramais e a adaptação de trilhos. Para melhorias num trecho de 570 quilômetros seriam necessários R$ 50 milhões. A outra parte dos aportes será realizada pelo setor público, através da Codevasf, governo da Bahia e Chesf, destinando-se à recuperação das estradas e da hidrovia. A BR-242, por exemplo, precisa ser restaurada a um custo estimado de R$ 48 milhões.
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O diretor de infra-estrutura e irrigação da Codevasf, Clementino Coelho, diz que o projeto do corredor do São Francisco exige poucos investimento porque boa parte da infra-estrutura já está instalada. É o caso da eclusa da hidrelétrica de Sobradinho, que tem uma capacidade para 14 mil toneladas. Não é preciso grandes obras, é só reabilitar uma estrutura já existente, afirma. De acordo com o levantamento da Booz Allen, a hidrovia necessitará de R$ 78 milhões para dragagens, derrocamento e reconstituição das margens. Existem neste trecho do São Francisco 35 pontos críticos. Em parceria com Universidade de São Paulo, a Codevasf está fazendo estudos e intervenções no leito da hidrovia para conter o assoreamento.
Além do baixo investimento, o corredor traz como atrativo um forte vetor de desenvolvimento econômico para outras regiões do Nordeste. Uma das possibilidade é conectar a hidrovia em Petrolina-Juazeiro à futura ferrovia Transnordestina. A obra que está sendo tocada pelo governo federal, permitiria o escoamento de safras pelos de Pecém, no Ceará, Suape, em Pernambuco, ou Itaqui, no Maranhão. Desafogando, assim, o porto de Salvador.
Coelho diz que a consolidação do corredor multimodal beneficiaria ainda a produção de frutas no pólo de Petrolina, que poderia ganhar maior escala com o trâfego de fertilizantes vindos de Camaçari. Desta forma, se tornaria viável aumentar a exportação de frutas, que seriam transportadas em contêineres pela ferrovia. A avicultura também poderia ganhar ao substituir as importações de milho argentino por grãos produzidos no oeste baiano. Com a entrada da Transnordestina, há ainda interesse do pólo gesseiro de Pernambuco em participar do projeto.
Por fim, nos planos da Codevasf, o eixo do São Francisco serviria com um centro de produção de biodiesel voltado para a exportação. Experiências estão em curso em uma área de 100 mil hectares no sertão pernambucano. Outro projeto piloto ocorre no Piauí, no Platô de Guadalupe, onde 150 mil hectares a serem irrigados serão destinados à produção de etanol.
Mesmo com as possibilidades no setor agrícola ainda em estudo, a Codevasf aposta que há uma demanda real que poder
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